Camões

30/10/2022 — Silviano Santiago, ensaísta, contista e crítico literário mineiro de 86 anos, ganhou a 34.ª edição do Prêmio Camões, prêmio oferecido Fundação Biblioteca Nacional, considerado o mais prestigiado da literatura portuguesa. O escritor possui mais de trinta livros publicados. De acordo com o relatório do comitê do prêmio, “o Silviano é um pensador capaz de uma intervenção cívica e cultural de grande relevância, com um contributo notável para a projeção da língua portuguesa como língua do pensamento crítico”. Nascido em 1936, o laureado doutorou-se em Letras na Universidade Sorbonne da França e exerceu o cargo professor em universidades americanas e europeias. É membro da Academia Brasileira de Letras desde 2021.

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SILVIANO SANTIAGO
nasceu no dia 29 de setembro de 1936 em Formiga, cidade situada no sul do Estado das Minas Gerais. Com dez anos mudou-se para a capital Belo Horizonte. Em 1954 começou a escrever para uma revista de cinema. Ajudou a idealizar e publicar a revista Complemento em 1955. Em 1959, graduou-se em Letras Neolatinas. Ao se mudar para a cidade do Rio de Janeiro, especializpu-se em literatura francesa, o que o levou ao doutorado na Universidade de Paris 3 (Sorbonne).

Nessa universidade decifrou o manuscrito “Moedeiros Falsos” do escritor André Gide. Candidatou-se ao posto de instrutor na Universidade do Novo México (Estados Unido) entre os anos 1962 a 1964. Em 1969 publicou em Nova York a antologia “Brasil”. Passou pelas universidades de Rutgers, Toronto, Nova York, Buffalo e Indiana. No Brasil tornou-se catedrático da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na Universidade Federal Fluminense. Em 1975 publicou uma antologia de prosa e verso do escritor Ariano Suassuna e a edição comentada do romance “Iracema” de escritor José de Alencar.

No ano seguinte participou do X Festival de Inverno de Ouro Preto. Em 1985 publicou as traduções para os “Poemas do Jacques Prévert” e, dez anos depois, traduziu o livro “Por Que Amo Barthes” do Alain Robbe-Grillet. Auxiliou Heloísa Buarque de Hollanda e equipe a montar o Programa Avançado de Cultura Contemporânea em 1994. No ano seguinte, participou do II Encontro Internacional de Poetas na Universidade de Coimbra em Portugal. Em 2013, recebeu o prestigioso Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras  pelo conjunto da obra. A última obra registrada é a “Genealogia da Ferocidade”, ensaio no qual analisa o romance “Grande Sertão: Veredas” do mineiro Guimarães Rosa.


 

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AFFONSO ROMANO DE SANT´ANNA nasceu no dia 27 de março de 1937 na cidade de Belo HorizonteMinas Gerais. Nas décadas de 1950 e 1960 participou de movimentos de vanguarda poética. Em 1962 diplomou-se em letras e três anos depois publicou seu primeiro livro de poesia, Canto e Palavra. Em 1965 lecionou na Califórnia (Universidade de Los Angeles) e, em 1968, participou do Programa Internacional de Escritores da Universidade de Iowa, que agrupou 40 escritores de todo o mundo.

Em 1969 doutorou-se pela Universidade Federal de Minas Gerais e, um ano depois, montou um curso de pós-graduação em literatura brasileira na PUC do Rio de Janeiro. Foi Diretor do Departamento de Letras e Artes da desta universidade, de 1973 a 1976, realizando então a Expoesia, série de encontros nacionais de literatura. Ministrou cursos na Alemanha (Universidade de Colônia), Estados Unidos (Universidade do TexasUCLA), Dinamarca (Universidade de Aarhus), Portugal (Universidade Nova) e França (Universidade de Aix-en-Provence).

A tese de doutorado dele abordou uma análise da poética de Carlos Drummond de Andrade, com o título Drummond, Um Gauche No Tempo, em que faz uma análise do conceito de gauche ao longo de sua obra literária. Foi cronista no Jornal do Brasil (1984-1988) e do jornal O Globo até 2005. Em 2006, foi laureado com o Prêmio Jabuti de na categoria poesia, pelo livro Vestígios. Atualmente escreve para os jornais O Estado de Minas e Correio Brasiliense. Em 1986, inovou em termos de linguagem ao fazer textos especiais para a Rede Globo. Durante a Copa do Mundo daquele ano, realizada no México, a programação esportiva era fechada com seus textos poéticos, provando que poesia e televisão não se excluem. No total são 17 livros.


 

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TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA nasceu no dia 11 de agosto de 1744, na Cidade do Porto, Portugal. Morreu no ano de 1810, na cidade de Moçambique, África. Filho de um magistrado brasileiro, com sete anos deixou Portugal e veio para o Brasil. Fixando-se na Bahia, estudou com os jesuítas. Depois, voltou novamente para Portugal para começar o curso de Direito na Universidade de Coimbra, pela qual se bacharelou. Nomeado juiz-de-fora da cidade de Beja em 1778, lá ficou por quatro anos, após o que foi escolhido para ouvidor-mor da cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto, Minas Gerais.

Depois, conseguiu o cargo de provedor da Fazenda, dos Defuntos e Ausentes, Capelas e Resíduos na mesma cidade, onde passou a residir ao lado da casa da jovem Maria Doroteia Joaquina de Seixas. Essa moça viria a ser a sua mais profunda paixão e lhe inspiraria a obra-prima “Marília de Dirceu”. Quando o Luís da Cunha Pacheco e Menezes se tornou governador da Capitania das Minas Gerais, logo se incompatibilizou com o novo governante, apelidando-o de “fanfarrão minésio” no livro “Cartas Chilenas”. Apesar dessa inimizade, acabou sendo nomeado desembargador na Bahia. Devido, porém, à sua ligação com o Cláudio Manuel da Costa e o Alvarenga Peixoto, foi envolvido no processo da Inconfidência Mineira.

Preso, foi enviado ao Rio de Janeiro, sendo encarcerado na Ilha das Cobras, onde iniciou a composição do poema “Marília de Dirceu”. Três anos depois, condenado á prisão perpétua, passou a cumprir a pena em Angola, então colônia de Portugal na África. Mais tarde, conseguiu que a pena fosse comutada para dez anos de degredo em Moçambique, também na África. Duas vezes embargou a sentença, mas em 1792 para lá enviado. Na África pouco escreveu. Após cumprir a pena, dedicou-se à advocacia. Casou-se com a rica Juliana de Souza Mascarenhas, que dele tratara durante uma doença. Sua “Marília” (Doroteia Seixas), de quem fora violentamente separado, viveu solteira em Minas Gerais. É considerado um dos poetas mais importantes do Arcadismo Brasileiro. É patrono da cadeira número 37 da Academia Brasileira de Letras.

Estrofes do poema
Marília de Dirceu

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheiro gado;
De tosco trato, d´expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.

Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite;
E mais as finas lãs, de que me visto.

Graças, Marília bela,
Graças à minha estrela!

Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado:
Os pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder do meu cajado:

Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja minha.

Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!


 

bernardoguimaraes in1BERNARDO JOAQUIM DA SILVA GUIMARÃES nasceu no dia 15 de agosto de 1825 e morreu no dia 10 de março de 1884, na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais.

Fez os primeiros estudos em Uberaba, continuando-os em Campo Belo e Ouro Preto. Transferiu-se para São Paulo, onde frequentou a Faculdade de Direito, tornando-se amigo de Álvares Azevedo e Aureliano Lessa. Interessou-se, na faculdade, mais por poesia e literatura do que pelas ciências jurídicas. Colaborou em diversos jornais, revelando-se um crítico mordaz. Em 1852, publicou seu primeiro livro, Cantos da Solidão. Nesse mesmo ano, foi nomeado juiz municipal e de órfãos em Goiás. Por essa mesma época, colaborou no jornal Atualidade, do Rio de Janeiro, do qual passou a diretor e 1859.

bernardoguimaraes isaura1Alguns anos depois, retornou para Ouro Preto, onde passou a dedicar-se à poesia e ao romance. Ensinou Filosofia e Retórica no Liceu Mineiro de sua cidade natal. Suas obras mais marcantes são: O Ermitão de Muquém Na Província de Goiás (1869), Lendas e Romances (1871), O Seminarista (1875), História e Tradições de Minas Gerais (1872), O Índio Afonso (1873), A Escrava Isaura (1875), Novas Poesias (1876), Maurício ou os Paulistas em São João Del Rei (1877), Rosaura, a Enjeitada (1883), Folhas de Outono (1883). É o patrono da cadeira n.º 5 da Academia Brasileira de Letras.
 

bernardoguimaraes isaura2Seu romance mais importante, A Escrava Isaura, que conta as agruras de uma escrava branca numa fazenda do Vale do Paraíba, é um dos livros mais lidos da literatura brasileira em todos os tempos. Foi adaptado para o cinema em 1929 pelo diretor Antônio Marques Costa Filho, em 1949, pelo diretor Eurípedes Ramos. Depois, foi transformado em novela pela Globo em 1976, com Lucélia Santos (foto da esquerda), e pela Record, em 2004, com Bianca Rinaldi (foto da direita), no papel de Isaura. Outra de suas obras-primas, O Seminarista, foi adaptado para o cinema em 1977 pelo diretor Geraldo Santos Pereira. A obra conta a história de um fazendeiro que obriga o filho a ser padre. Aproveita para discutir o dogma católico do celibato.

 

 



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