TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA nasceu no dia 11 de agosto de 1744, na Cidade do Porto, Portugal. Morreu no ano de 1810, na cidade de Moçambique, África. Filho de um magistrado brasileiro, com sete anos deixou Portugal e veio para o Brasil. Fixando-se na Bahia, estudou com os jesuítas. Depois, voltou novamente para Portugal para começar o curso de Direito na Universidade de Coimbra, pela qual se bacharelou. Nomeado juiz-de-fora da cidade de Beja em 1778, lá ficou por quatro anos, após o que foi escolhido para ouvidor-mor da cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto, Minas Gerais.
Depois, conseguiu o cargo de provedor da Fazenda, dos Defuntos e Ausentes, Capelas e Resíduos na mesma cidade, onde passou a residir ao lado da casa da jovem Maria Doroteia Joaquina de Seixas. Essa moça viria a ser a sua mais profunda paixão e lhe inspiraria a obra-prima “Marília de Dirceu”. Quando o Luís da Cunha Pacheco e Menezes se tornou governador da Capitania das Minas Gerais, logo se incompatibilizou com o novo governante, apelidando-o de “fanfarrão minésio” no livro “Cartas Chilenas”. Apesar dessa inimizade, acabou sendo nomeado desembargador na Bahia. Devido, porém, à sua ligação com o Cláudio Manuel da Costa e o Alvarenga Peixoto, foi envolvido no processo da Inconfidência Mineira.
Preso, foi enviado ao Rio de Janeiro, sendo encarcerado na Ilha das Cobras, onde iniciou a composição do poema “Marília de Dirceu”. Três anos depois, condenado á prisão perpétua, passou a cumprir a pena em Angola, então colônia de Portugal na África. Mais tarde, conseguiu que a pena fosse comutada para dez anos de degredo em Moçambique, também na África. Duas vezes embargou a sentença, mas em 1792 para lá enviado. Na África pouco escreveu. Após cumprir a pena, dedicou-se à advocacia. Casou-se com a rica Juliana de Souza Mascarenhas, que dele tratara durante uma doença. Sua “Marília” (Doroteia Seixas), de quem fora violentamente separado, viveu solteira em Minas Gerais. É considerado um dos poetas mais importantes do Arcadismo Brasileiro. É patrono da cadeira número 37 da Academia Brasileira de Letras.
Estrofes do poema
Marília de Dirceu
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheiro gado;
De tosco trato, d´expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite;
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado:
Os pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder do meu cajado:
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja minha.
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!