Rafael Sanzio
RAFAEL SANZIO nasceu no dia 6 de abril de 1483 (madrugada de sexta-feira da paixão), na cidade de Urbino, Itália. Morreu coincidentemente no dia 6 de abril de 1520, na cidade de Roma.
Orientado pelo pai, também pintor, entrou em contato com as obras dos grandes artistas da época: Piero della Francesca, Donato Bramante e Pietro Perugino. Aos onze anos, já órfão de pai e mãe, continuou seu aprendizado artístico com o pintor Evangelista di Piandimeleto. Trabalhou depois com Timoteo Viti, cuja pintura terna e graciosa marcaria sua primeira produção. Com dezesseis anos de idade ingressou no atelier de Perugino, seu primeiro mestre importante, de quem assimilou uma técnica perfeita. Desse período, sua obra mais significativa é o Casamento da Virgem.
Iniciou seu trabalho autônomo com obras religiosas menores para as cidades de Fano, Castelo e Perugia. O retábulo dedicado ao beato Nicola de Tolentino, para uma igreja de Castelo é a obra que marca a sua maturidade. Aos vinte e um anos já era um artista famoso, datando dessa época suas composições religiosas O Coração da Virgem e Crucificação, ambas de 1503. Atraído pela fama de Leonardo da Vinci e de Michelangelo Buonarroti, partiu, em 1504, para Florença, então o grande centro da pintura do renascimento italiano. A influência dos dois apareceria em A Madona do Grão-Duque, de 1505, A Virgem Com o Pintassilgo e no retrato de Madalena Doni. Todas as obras dessa fase são marcadas pela disciplina do traço e pelo interesse em torno dos problemas artísticos florentinos, especialmente o realismo.
Em 1508, era um mestre da arte. Indicado por Bramante, foi chamado a Roma pelo papa Júlio II para executar a decoração dos aposentos do Vaticano. Nesse trabalho, deu a medida do seu talento. Terminou a Stanza della Signatura em 1511. Representou em cada parede um tema diferente, relacionado com a teologia (Disputa do Santíssimo Sacramento), a filosofia (Escola de Atenas), a poesia (Parnásio) e a jurisprudência (cenas e figuras tiradas da história do Direito). Datam também dessa época os afrescos de Galateia para a Villa Farnesiana e inúmeros retratos de pessoas célebres. Em 1512, iniciou a decoração de uma segunda sala do Vaticano (Stanza d´Eliodoro), que terminaria dois anos depois, após a morte de Júlio II. Leão X, o novo papa, continuou apoiando o artista.
Com a morte de Bramante, foi nomeado novo arquiteto de São Pedro. Importantes obras marcam essa fase: a capela fúnebre do banqueiro Agostini Chigi, os palácios de CaffarelliVidoni e Branconio dell´Aquila e os desenhos para as tapeçarias (Atos dos Apóstolos) que ornamentariam as paredes da Capela Sistina (1515-1516). Em 1516, foi nomeado conservador de antiguidades romanas e incumbido de preparar o mapa topográfico de Roma. Ao mesmo tempo, orientava seus discípulos na decoração da Stanza dell´Incendio, iniciada em 1514 e concluída em 1517. Durante sua permanência em Roma, sua pintura sofreu uma verdadeira metamorfose: a decoração das salas do Vaticano lhe permitiu a utilização, em larga escala, da técnica do afresco, ampliando sua experiência, que até então se restringira quase apenas à pintura a óleo sobre telas.
Na Stanza d´Eliodoro, por exemplo, mostrou nova influência em sua arte: a dos coloristas vênetos Lorenzo Lotto e Sebastiano Del Piombo. A transparência de cores e de luz que só os grandes mestres como Caravaggio, Rembrandt e Renoir atingiriam muito mais tarde, aparece em A Libertação de São Pedro do Cárcere. Na Missa de Bolsena antecedeu a Diego Velázquez, com sua disposição deslumbrante de tons vivos e vermelhos, cinza-azulado e branco, numa sinfonia de linhas e cores. Apesar da sua extrema versatilidade no cultivo dos mais variados gêneros da atividade artística, seus temas mais importantes foram as madonas e os retratos. A vida intensa que levava, aliada à espantosa produção artística, é em grande parte responsável por sua morte prematura, aos 37 anos.