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Categoria: Escritores Maranhenses
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goncalvesdias in1Gonçalves Dias

ANTÔNIO GONÇALVES DIAS nasceu no dia 10 de agosto de 1823, na cidade de Caxias, Estado do Maranhão. Morreu no dia 3 de novembro de 1864, na cidade de Guimarães, Estado do Maranhão.

Era filho de um comerciante com uma mestiça. Estudou inicialmente com um professor particular e depois foi trabalhar como caixeiro e como responsável pela escrituração da loja do pai. Iniciou os estudos formais de latim, francês e filosofia em 1835. Em 1838, foi para Portugal, onde terminou os estudos secundários e bacharelou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Antes de retornar ao Brasil, participou de grupos literários como a Gazeta Literária e O Trovador, compartilhando as idéias românticas de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de Castilho. Nessa época, inspirou-se para escrever aqueles que os críticos consideram seu melhor poema: Canção do Exílio.

Foi nesse tempo também que iniciou o romance Memórias de Agapito Goiaba. A obra não foi em frente, destruída pelo próprio autor por conter alusões a pessoas até então vivas. Também enveredou pelo Teatro, escrevendo, sob inspiração de sua amada Ana Amélia Ferreira Vale, várias peças românticas. No Rio de Janeiro, trabalhou como professor de história e latim no famoso Colégio Pedro II, além de manter uma atuação jornalística, contribuindo com diversos jornais, entre os quais o Jornal do Comércio, a Gazeta Oficial, o Correio da Tarde e O Sentinela da Monarquia. Publicou nesses periódicos muitas crônicas, folhetins teatrais e crítica literária.

Em 1849, fundou, com Manuel de Araújo Porto-Alegre e Joaquim Manuel de Macedo a revista Guanabara, para divulgação do movimento romântico. Em 1851, voltou a São Luís, no Maranhão, a pedido do governo local, para estudar o problema da instrução pública naquele estado. Não se casou com a mulher escolhida (Ana Amélia), sendo vítima de preconceito dos pais dela, por ser mestiço. Em 1852, ao retornar ao Rio de Janeiro, foi nomeado oficial da Secretaria de Negócios Estrangeiros. Isso lhe possibilitou passar quatro anos na Europa para a realização de pesquisas para o setor educacional brasileiro. Voltou para ao Brasil em 1856 e retornou à Europa em 1862 para tratamento de saúde. Em 1864, ao voltar novamente ao país natal, foi a única vítima fatal do naufrágio do navio Ville de Boulogne, que afundou quando se aproximava do Estado do Maranhão.

goncalvesdias in2Obras
1843  Canção do Exílio
1843  Patkull
1846  Primeiros Cantos
1846  Meditação
1846  O Brasil e Oceania
1848  Segundos Cantos
1848  Sextilhas de Frei Antão
1851  I-Juca Pirama
1856  Seus Olhos
1857  Os Timbiras
1858  Dicionário da Língua Tupi
1859  Segura o Índio Louco

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.