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Categoria: Fluminenses Escritores
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vinicius de moraes boxO Poetinha

16/12/2017 — A editora Nova Fronteira está encaminhando para as livrarias a obra completa do poeta e compositor musical Vinícius de Moraes. Diante do conteúdo muito vasto do autor, a editora optou pela divisão da obra em dois volume, presentes numa caixa. O primeiro volume abriga a poesia e a prosa poética, introduzidas pela irmã Laetitia Cruz de Moraes. O segundo volume é dedicado à prosa, ao teatro e às composições musicais. Os volumes foram organizados pelo Eucanaã Ferraz. Ele estabeleceu os textos e corrigiu erros que vinham sendo cometidos há anos. O Vinícius começou a carreira de escritor em 1930, com o lançamento do livro “O Caminho da Distância”.

Vinícius de Moraes
MARCUS VINÍCIUS DA CRUZ DE MELLO MORAES nasceu no dia 19 de outubro de 1913 e morreu no dia 9 de julho de 1980, na cidade do Rio de Janeiro. Formou-se oficial da reserva no serviço militar e concluiu o curso de direito em 1933. Em 1928, compôs com os irmãos Tapajós, iniciando-se na música popular antes mesmo do primeiro livro, a coletânea de poemas O Caminho Para a Distância (1933). Publicou também Forma e Exegese (1935) e Ariana, a Mulher (1936). Em 1938, foi estudar na Inglaterra e lançou Novos Poemas. De volta ao Brasil, ingressou no Ministério das Relações Exteriores em 1943. Assumiu o primeiro posto diplomático em 1946 em Los Angeles, permanecendo nos Estados Unidos até 1950.

viniciusdemorais in2viniciusdemorais in1Em 1953 compôs o primeiro samba, Quando Tu Passas Por Mim, e publicou a peça teatral Orfeu da Conceição em 1954. Em 1956, conheceu Tom Jobim, que fez as músicas para a peça Orfeu. Publicou o Livro de Sonetos em 1957. Duas de suas primeiras composições com Tom Jobim (Chega de Saudade e Outra Vez) foram gravadas por Elizeth Cardoso no disco Canção do Amor Demais (1958), com acompanhamento ao violão de João Gilberto. Essas canções são consideradas o marco inicial da bossa-nova. É dele a letra de Garota de Ipanema, a música brasileira mais executada e conhecida em todo o mundo.

Entre 1955 e 1956, preparou o roteiro do filme Orfeu Negro, do diretor francês Marcel Camus. O filme ganhou o Oscar de 1959 como melhor filme estrangeiro. No início dos anos 60, começou a compor com outros músicos, como Pixinguinha, Carlos Lyra, Edu Lobo, Francis Hime e Dorival Caymmi. Com Baden Powell, criou afro-sambas famosos, como Canto de Ossanha e Berimbau. Foi aposentado compulsoriamente do serviço diplomático em 1968, supostamente por motivos políticos. A partir de 1969, tornou-se parceiro do violonista Toquinho, com quem passou a fazer shows no Brasil e no exterior.

Notas
FITAS E FITEIROS — O livro organizado pelo diretor da Cinemateca Nacional, Carlos Augusto Calil, foi lançado em 1991. Ele traz cem crônicas ilustradas, escritas pelo poeta entre 1941 e 1952. Numa delas, Vinícius faz uma deliciosa ode à participação de Greta Garbo no filme Duas Faces de Uma Mulher, em que a atriz exibe decotes vertiginosos em cujas profundidades um homem apenas deveria se meter na companhia de seu cardiologista.

viniciusdemorais in3O POETA DA PAIXÃO — Em 1994, o jornalista carioca José Castello lançou uma biografia do poeta, em que concluiu que a figura folclórica de Vinícius levou a melhor sobre o literato. A obra dá conta de que, embora o poeta tenha se especializado em compor letras para músicas populares, era forte sobre ele a influência de escritores clássicos como o inglês William Shakespeare, o francês Arthur Rimbaud e o norte-americano T. S. Eliott.

COMO DIZIA O POETA — Trata-se de uma caixa de CDs, lançada em 2001, que traz à tona gravações feitas por diversos selos, muitos deles extintos. Abrange gravações do início da Bossa Nova, em 1956, até as jóias e cascalhos da parceira com Toquinho. Um dos pontos altos, segundo os críticos, é a trilha sonora da peça Orfeu da Conceição, um de seus primeiros trabalhos de compositor. Das fases posteriores à Bossa Nova, destaca-se o disco Afro-Sambas, um disco com farta influência do candoblé, composto em parceria com Baden Powell.

VINÍCIUS EM PORTUGAL — Lançado em Portugal em 2007, o disco (lançado originariamente em 1969) revela o poeta Vinícius de Moraes numa performance mais intimista. A gravação registra um recital que ele fez em Lisboa. Com voz pausada, clara, sem o mínimo de derramamento emocional, o poeta apresenta dez poemas de várias fases de sua obra: do metafísico Quarto Soneto de Meditação ao sentimental, mas bem-humorado, O Desespeto da Piedade. Antes da leitura, ele faz breves comentários sobre cada poema. Conta, por exemplo, de seu orgulho por Soneto a Katherine Mansfield ter inspirado Manuel Bandeira a voltar a escrever sonetos, depois de um tempo sem se dedicar a essa forma.

viniciusdemorais in4CANCIONEIRO — Documentos, letras e partituras inéditas, fotos e outras curiosidades estão no Cancioneiro Vinicius de Moraes — Biografia e obras Selecionadas, que a Jobim Music lançou em setembro de 2007. São dois volumes de luxo dedicados à obra musical do poeta (1913-1980). O autor da biografia é Sérgio Augusto e a coordenadora do projeto é Ana Lontra Jobim, viúva de Tom. Para os instrumentistas, o mais interessante é o songbook com 57 partituras de obras de Vinicius, sozinho ou em parcerias. O outro livro contém biografia, fotos, cartas e rascunhos. Parte dos documentos foi pinçada de acervos como o da Fundação Casa de Rui Barbosa e o do Instituto Antonio Carlos Jobim. Mas a maior parte do material inédito saiu das gavetas de parentes de Vinicius.