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Categoria: Escritores Britânicos
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01Milton

Nasceu no dia nove de dezembro de 1608 e morreu no dia oito de novembro de 1674, na cidade de Londres, InglaterraTeve formação anglicana e clássica (seu pai o iniciou precocemente na literatura de Homero e Horácio), mas isso não impediu sua admiração pelo puritano Thomas Young, seu professor no curso secundário do Colégio St. Paul. Essa influência, aliás, foi muito importante em sua formação. É provável mesmo que tenha precipitado sua adesão ao protestantismo. Em 1625, ingressou na Faculdade de Cambridge.

Enquanto estudante, compôs alguns escritos em latim, entre eles, o Soneto Para Um Rouxinol e a Ode Sobre a Manhã da Natividade de Cristo, considerada uma das mais belas poesias do renascentismo inglês. Nesta obra, ele faz o elogio da paisagem e dos costumes de sua terra. Na mesma fase, produziu também em italiano L´Allegro e Il Pensieroso, que apresentavam uma característica marcante em sua toda a sua obra poética, o chamado “timbre miltoniano”. Em 1632, já formado, acompanhou os pais a Houston, nos Estados Unidos. Os seis anos de permanência nesta cidade foram divididos entre a leitura do Dante Alighieri e do Francesco Petrarca.

Com a morte da mãe em 1637, resolveu viajar pela França e pela Itália. No ano seguinte, foi a Florença, onde, nas prisões da Inquisição, visitou Galileu Galilei. Em Nápoles, um amigo chamou sua atenção para Os Sete Dias das Criação do Mundo, poema de Torquato Tasso, cujo tema exploraria posteriormente em Paraíso Perdido (1667). De volta à Inglaterra, encontrou o rei e o parlamento em confronto direto. Instalou-se com pai em Londres e iniciou sua participação na luta em defesa da Revolução Puritana, usando o panfleto como arma. São dessa época numerosos escritos anti-eclesiásticos, entre os quais se destaca Sobre a Reforma da Disciplina Eclesiástica Na Inglaterra, de 1641. Tornou-se assim o principal polemista do seu partido. Em 1642, casou-se com Mary Powell, filha de um dos membros mais ativos do partido realista. 

Três meses depois, embora defensor da indissolubilidade do casamento, se separou da mulher. Quando se reconciliaram em 1645, já havia mudado suas ideias sobre o casamento e defendia sua dissolubilidade em A Doutrina e a Disciplina do Divórcio. Em 1644, apareceu seu Areopagitica, violento e eloquente panfleto a favor da liberdade de pensamento e de expressão, no qual, mais uma vez, se colocava ao lado do parlamento e contra a dominação desregrada do rei Carlos I. Com a vitória dos roundheads em 1649, passou a fazer parte do Conselho de Estado de Cromwell. A partir desta época, produziu vários panfletos em latim e em inglês, justificando, perante a Europa, o novo governo. Esses escritos são considerados pelos críticos como “os mais poderosos panfletos e sermões políticos da literatura inglesa”. Em 1652, quase cego, perdeu a mulher, Mary

Três anos mais tarde, casou-se outra vez, mas tornou a enviuvar no ano seguinte. Em 1658, morreu Oliver Cromwell. Essa lista de infortúnios culminou em 1660, quando o rei Carlos II assumiu o poder, iniciando o processo de restauração da monarquia. O autor foi um dos elementos mais visados da lista de depuração. Graças à intercessão de amigos, conseguiu sobreviver, mas não escapou ao confisco de seus bens. Nesta época, com mais de 50 anos, frustrado e já irremediavelmente cego, voltou-se totalmente para o trabalho literário. À sua nova e jovem esposa (trinta anos mais nova) ditou suas mais importantes criações poéticas: Paraíso Perdido (1667), Paraíso Reconquistado e Samsom Agonistes (1671). Em Paraíso Perdido, os temas principais são a responsabilidade moral do indivíduo e a importância do saber como meio de alcançar a virtude.

Dessa forma, sua arte elege a liberdade individual como aspiração maior do homem. Essa obra se baseia na Bíblia (da rebelião dos anjos à queda de Adão e Eva), para evidenciar a oposição entre o Bem e o Mal, que aparece como uma luta vivida pelo homem, oscilando entre a consciência e a realidade cotidiana. O livro também alerta o leitor para o risco que ele corre — perder o paraíso da vida — ao permitir que o sentimento (e não a razão) inspire seus atos. Embora o gênero épico do Paraíso Perdido exigisse a rima, o autor usou o verso branco do teatro elisabetano, entremeado de expressões latinas. Além disso, agrupou os dodecassílabos em parágrafos, explorando o ritmo e a musicalidade das palavras. Ele é considerado o maior escritor inglês, depois de William Shakespeare.