29/04/2017 — A Editora Companhia das Letras está relançando a obra “A Insustentável Leveza do Ser”, escrita pelo tcheco Milan Kundera. Foi um estrondoso sucesso editorial, que chegou ao Brasil em 1983. Na história, o autor entrelaça ficção e filosofia. Infidelidade, amor, compaixão, eterno retorno, acaso e arbítrio são alguns dos grandes temas que são articulados num romance de ideias e paixões. O resultado é uma obra em tudo original, um clássico da literatura contemporânea. A história se passa nas cidades de Praga e em Zurique, em 1968, e atravessa algumas décadas. Narra os amores e os desamores de quatro pessoas. É permeada pela invasão russa à Tchecoslováquia e pelo clima de tensão política que pairava na capital tcheca naqueles dias. A nova edição tem a tradução da Tereza Bulhões Fonseca.
Risíveis Amores
01/08/2014 — Chegou às livrarias de todo o Brasil em agosto o novo livro do escritor Milan Kundera, o premiado autor de A Insustentável Leveza do Ser. No romance Risíveis Amores, o protagonista vagueia pela cidade de Paris num dia de verão, se depara com a última moda (calça de cintura baixa e barriga à mostra) e reflete sobre como a sociedade contemporânea colocou o umbigo no centro do erotismo. O livro alterna as reflexões do protagonista e de seus amigos, os quais levam uma vida esvaziada na capital francesa. Seus encontros e memórias remontam ora ao stalinismo ora à contemporaneidade, sempre remetendo à insignificância da existência humana. A última obra publicada do autor tcheco — A Ignorância— foi em 2000.
Milan Kundera
Nasceu no dia 1.º de abril de 1929 na localidade de Brno, então Tchecoslováquia. É filho de uma erudita família de classe-média. Aprendeu a tocar piano com seu pai. Posteriormente, também estudou musicologia. Influências e referências musicológicas podem ser encontradas através de sua obra, a ponto de se poder encontrar notas em pauta durante o texto. O autor completou a escola secundária em sua cidade natal, em 1948. Estudou literatura e estética, mas, depois de dois períodos, transferiu-se para o curso de cinema da Academia de Artes Performáticas de Praga, onde realizou suas primeiras leituras em produção de scrpits e direção cinematográfica.
Em 1950, foi temporariamente forçado a interromper seus estudos por razões políticas. Neste ano, ele e outro escritor tcheco — Jan Trefulka — foram expulsos do Partido Comunista Tcheco por “atividades antipartidárias”. Usou o incidente como inspiração para o tema principal de seu romance A Brincadeira, de 1967. Em 1956, porém, foi readmitido no partido, sendo expulso novamente em 1970. Assim como outros artistas tchecos como Václav Havel, envolveu-se na Primavera de Praga de 1968. O período de otimismo foi destruído no agosto do mesmo ano pela invasão do seu país pelos soviéticos. Tentou acalmar a população e organizar um levante reformista frente ao totalitarismo comunista da União Soviética, mas desistiu em 1975.
Desde então vive na França, onde se naturalizou em 1980. Seus romances geralmente tratam de escolhas e decepções. Em seus livros é recorrente a crítica ao regime comunista e à posterior ocupação russa de seu país, em 1968, quando foi exilado e teve sua obra proibida na então Tchecoslováquia. Entre outros prémios, recebeu, pelo conjunto da sua obra, o Common Wealth Award de Literatura (1981) e o Prémio Jerusalém (1985). Sua obra principal — A Insustentável Leveza do Ser — ganhou em 1988 uma adaptação para o cinema, sob a direção de Philip Kaufman, com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche e Lena Olin no elenco. O filme recebeu duas indicações para o Oscar e o reconhecimento mundial. Mas desde então nunca mais autorizou a adaptação cinematográfica dos seus romances.
Em 2002, a Cia. Das Letras lançou no Brasil o livro A Ignorância, que conta a história de Irena. Ela se exilou em Paris quando seu país mergulhou no comunismo. Decidiu voltar vinte anos depois com a queda da Cortina de Ferro. Em 2006, a mesma editora chegou com A Cortina. O livro é uma reflexão sobre o ofício de escrever. De autores clássicos como Carlos Fuentes e Gabriel Garcia Marques, o autor examina a arte do romance e o que ela ensina ao leitor sobre o mundo. Ele também analisa como a obra de autores como Franz Kafka retratou a opressão da burocracia. Em 2008, a organização tcheca Estudo de Regimes Totalitários denunciou que o autor, antes da fama, era um colaborador da polícia comunista. Teria sido o responsável pela captura do dissidente Miroslav Dvoracek, que, por isso, passou 14 nas prisões comunistas, fazendo trabalho forçado em minas de urânio. O escritor negou.