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Categoria: Escritores Espanhóis
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francisco-de-quevedo1FRANCISCO GOMEZ DE QUEVEDO y VILLEGAS nasceu no dia 17 de setembro de 1580, na cidade de Madri, Espanha. Morreu no dia 8 de setembro de 1645, na localidade de Villanueva de los Infantes.

Escritor, estudou letras clássicas e teologia na Universidades de Alcalá e Valladolid entre 1596 e 1606. Em1613, fez-se conselheiro do Duque de Osuna, vice-rei da Sicília e, mais tarde, de Nápoles. Assim, desempenhou várias missões diplomáticas na Itália e na Espanha. Numa delas, foi acusado pelo governo de Veneza de participação na conspiração de 1618. Só conseguiu escapar da cidade, disfarçado de mendigo. Em 1620, com a queda do Duque de Osuna foi preso, sendo solto somente no ano seguinte.

Em 1639, caiu novamente em desgraça. Foi preso e confinado até 1643, no Mosteiro de são Marcos, em Leão. Atribuiu-se sua queda à Sacra, Católica, Real Magestad, na qual o autor criticava a política real. Sua vida e sua obra possuem aspectos variados e, às vezes, conflitantes. Ao mesmo tempo em que escrevia obras moralistas, mantinha uma amante, da qual teve vários filhos. Desenvolveu uma literatura que vai do obsceno ao devoto. Ainda que se opusesse às inovações de Luís de Góngora, introdutor do estilo preciosista (culteranismo ou gongorismo), que dominava na época, não deixava de ser barroco.

Contra o culteranismo escreveu poesias satíricas e, às vezes, grosseiras, como La Aguja de Navegar Cultos (1631) e La Culta Latiniparla (1629), com o subtítulo de Catecismo de Vocábulos Para Instruir as Mulheres Cultas e Semilatinas. Sueños (1627) é suma sequência de visões do inferno. Em La Hora de Todos (escrita entre 1635 e1636, considerada sua obra prima), retratou sua época, criticando o comercialismo, o racismo, a escravidão, a política internacional. Na novela La Vida de Buscón (1626), narrou as aventuras de um filho ilegítimo. Expoente do conceptismo do século XVII, em suas obras não satíricas associou conceitos díspares. La Politica de Diós (1626-1635) e La Providencia de Diós (1641) são expressão original de um pensamento antes de tudo conservador e tradicional.

Em Marco Bruto (1644), defendeu a monarquia contra tendências democráticas. Para ele, problemas políticos e sociais se reduziam a questões de moralidade pessoal. Sua crença na fragilidade de tudo o quanto é humano e na decadência de seu país levaram-no a um pessimismo extremo, expresso em sua noção de morte como “única verdade indiscutível”, a morte que “tem mais de carícia que de pena”. Propagou na Espanha as doutrinas estoicas de Justus Lipsius popularizou na Europa. Deixou traduções e imitações de Anacreonte, Virgílio, Horácio, Marcial, Petrarca, Epiteto e Sêneca. Escreveu os tratados estoicos O Berço e a Sepultura (1633) e Virtude Militante (1634-1636).
 

Amar é Conhecer Virtude
Mandou-me, ai Fábio!, que a amasse Flora,
e que não a quisesse; meu cuidado,
obediente, confuso, torturado,
sem desejá-la, tal beleza adora.

O que o humano afeto sente e chora,
goza o entendimento, enamorado
do espírito eterno, encarcerado
neste claustro mortal que o entesoura.

Amar é conhecer virtude ardente;
o querer é vontade interessada,
grosseira e rude, passageiramente.

O corpo é terra, sê-lo-á, foi nada;
de Deus procede à eternidade a mente:
eterno amante sou de eterna amada.