14/07/2017 — A editora José Olympio/Record está mandando para as livrarias brasileiras o livro “Dez Contos Escolhidos”, do Eça de Queirós. A obra reúne uma seleção inédita de algumas das narrativas curtas do autor português. Algumas delas são bem conhecidas, pois adotadas regularmente em programas escolares no Brasil. Usando a sutileza como tempero, a linguagem dos contos é leve e direta. Os personagens e as histórias se tornaram populares em sua época. Autor de clássicos como “O Primo Basílio” e “O Crime do Padre Amaro”, o Eça de Queirós foi considerado um dos mestres do romance português, mas também se aventurou pelos contos e traduções literárias. Essa coletânea de foi organizada pelo escritor e professor Mário Feijó.
Eça
de Queirós
JOSÉ MARIA EÇA DE QUEIRÓS nasceu no dia 25 de novembro de 1845, na cidade de Póvoa do Varzim, Portugal. Morreu no dia 16 de agosto de 1900, na cidade de Paris, França. Era filho ilegítimo. Por isso, passou os primeiros anos com a madrinha e depois em diversos orfanatos. Só aos dez anos de idade pôde conhecer os pais, então já casados. Essa circunstância foi significativa em sua vida e obra, pois o colocou como próprio personagem de romance e explica o minucioso cuidado na preparação do quadro familiar onde se agitam os tipos criados por ele. Em outubro de 1861, foi para Coimbra estudar Direito.
Nos anos de faculdade, leu indiscriminadamente Victor Hugo, William Shakespeare, Jean-Jacques Rousseau e Voltaire. Em 1865, conheceu Antero de Quental. Através dele iniciou-se no pensamento de Friedrich Hegel, Auguste Comte, Pierre Proudhon e Ernest Renan. Ligou-se também a outros escritores portugueses, como João da Penha, Guerra Junqueiro e Gonçalves Crespo. Esse contato lhe propiciou despertar para a carreira literária. Formado, partiu para Lisboa em 1866, onde começou a escrever artigos para a Gazeta de Portugal. Esses artigos foram reunidos postumamente no volume Prosas Bárbaras. Com 22 anos, fundou em Évora um jornal de oposição ao governo, provocando espanto e reação na província. Dedicou-se a esse trabalho durante oito meses.
De volta a Lisboa, recomeçou sua colaboração na Gazeta de Portugal, expondo suas ideias com maior sarcasmo. Sob o pseudônimo de Carlos Fradique Mendes — o “poeta satânico” — surgiu, em setembro de 1869, a Revolução de Setembro. Nesse mesmo ano, assistiu à inauguração do Canal de Suez. Aproveitou para conhecer o Egito, a Síria e a Palestina. Essa viagem é narrada na obra O Egito. No regresso, liga-se a Ramalho Ortigão e com ele, Antero de Quental e Oliveira Martins, passa a colaborar no jornal A República. Segundo os críticos, a amizade com Ortigão foi o estímulo que o salvou da “esterilidade especulativa”. Juntos, eles escreveram, alternadamente, O Mistério da Estrada de Sintra, uma espécie de romance policial, publicado em folhetins no Diário de Notícias em 1870.
Nomeado para a administração do Conselho de Leiria, partiu mais uma vez para a província. É lá que iria delinear o romance O Crime do Padre Amaro, publicado em 1875, um ano após seu regresso de Havana, Cuba, onde estivera desde 1872 ocupando o cargo de cônsul. Em 1874, foi nomeado cônsul em New Castle-on-Tyne, Inglaterra. Longe de Lisboa, adquiriu nova visão da sociedade portuguesa. Com o romance O Primo Basílio, de 1878, atacou as falsas bases da moralidade lisboeta. É nesse romance que apareceu a inesquecível figura do Conselheiro Acácio, expressão de um academismo vazio, que só na caricatura encontrou sua verdadeira imagem. Em fins de 1877, resolveu elaborar doze romances, aos quais chamou inicialmente de Cenas da Vida Portuguesa. Em 1878, passou a colaborar no jornal A Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro.
Principais
obras
1870 O Mistério da Estrada de Sintra
1875 O Crime do Padre Amaro
1877 A Tragédia da Rua Flores
1878 O Primo Basílio
1880 O Mandarim
1887 A Relíquia
1888 Os Maias
1890 Uma Campanha Alegre
1900 Correspondência do Fradique Mendes
1900 A Ilustre Casa do Ramires