Diogo Bernardes
Nasceu em dia e mês incertos do ano de 1530 e morreu em dia e mês incertos do ano de 1596, na cidade da Ponte da Barca, situada na região norte de Portugal. Foi chamado de “o príncipe da poesia bucólica” e de “o doce cantor do Lima”. Este epíteto faz referência ao rio do mesmo nome, às margens do qual teria nascido. Em 1578, foi chamado pelo rei Dom Sebastião para cantar as proezas da expedição à África. Com a derrota das forças sebastianas, foi aprisionado no presídio de Alcácer-Quibir, recobrando a liberdade apenas em 1581. Foi anistiado pelo novo rei português — Filipe II da Espanha —, que, ansioso por captar a simpatia do povo, resolveu libertar todos os prisioneiros da malograda empresa. Entre as suas obras mais famosas estão os sonetos “Fores do Lima”, o poema “O Lima” e a elegia “Santa Úrsula”.
Soneto
Horas breves de meu contentamento,
Nunca me pareceu quando vos tinha,
que vos visse tornadas tão asinha
em tão compridos dias de tormento.
Aquelas torres que fundei no vento,
o vento as levou, que as sustinha;
do mal que me ficou, a culpa é minha,
pois sobre coisas vãs fiz fundamento.
Amor com brandas mostras aparece,
tudo possível faz, tudo assegura,
mas logo no melhor desaparece.
Ó cegueira tamanha! Ó desventura!
Por um pequeno bem que desfalece
aventurar um bem que sempre dura!