Maria Moura

19/04/2021 — A cearense Rachel de Queiroz, primeira mulher imortal da Academia Brasileira de Letras, completou em grande estilo em 1992 os seus 82 anos. Naquele ano, ela lançou o sétimo romance, o “Memorial de Maria Moura”, publicado pela Editora Siciliano. Se aos vinte anos a escritora impactou o Brasil com precocidade com o romance “O Quinze”, neste ela impressiona outra vez pela juventude da melhor idade. Maria Moura é uma mulher daquelas: forte, quente e determinada. Declaradamente inspirada na rainha Elizabeth I, que reinou na Inglaterra entre 1558 e 1603, a personagem exerce o poder de maneira implacável.

Maria Moura vive no sertão cearense no Século 19. Adolescente, é assediada sexualmente pelo padrasto. Depois que se livra do dito cujo, simplesmente manda matá-lo. Semanas depois, providencia também o assassinato do homem contratado para matar o padrasto. Começa, assim, a vida de chefe de um bando fora-da-lei. Cada capítulo do livro é narrado por um dos personagens principais, sempre na primeira pessoa. Quando a Maria Moura comanda a narrativa, a trama esquenta. Ela fala de sexo com naturalidade e é capaz de maquiavelismos eróticos. A personagem virou como era de esperar uma estrela da televisão. Entre maio e junho de 1994, a TV Globo exibiu com muito sucesso a minissérie baseada no livro. A protagonista foi interpretada pela Glória Pires.