Suu Kyi
19/06/2012 — A ativista opositora birmanesa Aung San Suu Kyi recebeu no dia 16 de junho de 2012, em Oslo, Noruega, o Prêmio Nobel da Paz conferido a ela 21 anos atrás. Em seu discurso, afirmou que a premiação a ajudou a superar o isolamento a que ficou submetida nas quase duas décadas de prisão domiciliar e despertou a atenção mundial para a situação política de Mianmar. Detida em sua casa por mais de 24 anos pela junta militar que governava o país, Suu Kyi, recém-eleita para o Parlamento Nacional, iniciou esta semana sua primeira viagem internacional desde o início da abertura política em seu país.
Ela desembarcou na sexta-feira na Noruega, depois de uma escala na Suíça, e visitará nas próximas semanas Grã-Bretanha, Irlanda e França. Em seu discurso de aceitação de mais de 40 minutos, afirmou que o Nobel da Paz a trouxe novamente para o mundo dos outros seres humanos, fora da área isolada em que ela vivia, restaurando o seu senso de realidade. “O mais importante, o prêmio atraiu a atenção do mundo para a luta pela democracia e pelos direitos humanos em Mianmar. Não seríamos esquecidos”, disse a ativista. Ela reiterou seu “otimismo prudente” com a transição democrática e aproveitou para pedir a libertação dos prisioneiros políticos do país, lembrando ainda os confrontos que persistem no norte e no oeste.
“Não quero fomentar uma confiança cega”, disse. Premiada em 1991, Suu Kyi optou por não receber o Nobel em Oslo para não ser proibida de retornar ao país e obrigada a viver no exílio. Sua decisão de viajar é vista como um sinal de confiança no governo do ex-general e presidente Thein Sein, que iniciou uma reforma política desde que chegou ao poder no ano passado, nas primeiras eleições de Mianmar em 20 anos. Após receber Suu Kyi, o presidente do Comitê Nobel, Thorbjoern Jagland, lembrou do dissidente chinês Liu Xiaobo, laureado em 2010, que cumpre pena de 11 anos de prisão, e disse que também o espera em Oslo para receber seu prêmio.