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Categoria: Santos de junho
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03/04/2014 — O Papa Francisco assinou o decreto de canonização do beato José de Anchieta, um dos jesuítas fundadores da cidade de São Paulo. O “apóstolo do Brasil” é considerado pela igreja um exemplo de evangelização. Ele foi beatificado pelo papa João Paulo II em 1980 e se tornou santo mesmo sem ter milagres comprovados. O processo de canonização foi aberto há mais de quatrocentos anos e, segundo o arcebispo de São Paulo, Odilo Pedro Scherer, a demora está ligada a uma “campanha de difamação”, feita contra a ordem dos jesuítas. A festa litúrgica em homenagem ao José de Anchieta acontecerá todo dia oito de junho.

JOSÉ DE ANCHIETA nasceu no dia 19 de março de 1534, na localidade de Laguna, Tenerife, nas Ilhas Canárias. Morreu no dia nove de junho de 1597, na localidade de Reritiba, hoje atual município de Anchieta, Espírito Santo. Aprendeu as primeiras letras na casa do pai, um nobre basco, e, a seguir, na escola dos padres dominicanos. com catorze anos, foi enviado para a cidade portuguesa de Coimbra, onde se matriculou no Real Colégio de Artes. Lá, estudou Humanidades e Filosofia. A facilidade com que versejava em latim lhe valeu, então, o apelido de “Canário de Coimbra”.

Em 1551, passou a integrar como noviço o colégio da Companhia de Jesus. Era parente do fundador da instituição, o futuro Santo Inácio de Loyola. Em 1553, estava na terceira leva de jesuítas enviados para o Brasil, seguindo na escolta do segundo governador geral, Dom Duarte da Costa. Enviado à então capitania de São Vicente para exercer o apostolado, chegou em 1554 ao planalto por uma trilha aberta pelos índios. Neste planalto, por decisão do Padre Manuel da Nóbrega, fundou o colégio que se transformaria mais tarde na Vila de São Paulo. Dedicando-se a intenso trabalho de catequese, aprendeu a língua tupi. Assim, pôde escrever uma “Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil”.

O livro foi publicado em Coimbra no ano de 1595. Essa gramática passaria a ser usada em todas as missões jesuíticas do país. Quando da Revolta dos Tamoios, desempenhou destacado papel na pacificação, permanecendo sete meses na localidade de Iperoig, São Paulo, como refém dos índios, enquanto o padre Manuel da Nóbrega negociava um armistício com os portugueses. Foi nessa praia que escreveu, em latim, o poema “Da Virgem Santa Maria Mãe de Deus”. Diz a lenda que escreveu 4.172 versos na areia com seu bastão e que o mar não os apagou enquanto não foram transcritos para o papel. Em 1567, colaborou na expulsão dos franceses na tentativa deles de invasão da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.

Três anos depois, com a morte do Manuel da Nóbrega, assumiu o cargo de reitor do colégio dos jesuítas do Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, visitou São Lourenço, atual cidade de Niterói, a Bahia e o Espírito Santo, retornando depois a São Vicente, em São Paulo. Em 1577, foi nomeado provincial do Brasil, o mais alto cargo da Companhia de Jesus na colônia. Nessa condição, visitou as casas jesuíticas em todo o país, mas renunciou ao cargo em 1584. Em 1597, voltou ao Espírito Santo, fixando-se na localidade de Reritiba (hoje, Anchieta), onde morreu. Deixou várias cartas com informações sobre os índios e a história natural do Brasil e, ainda, alguns “mistérios”. Um destes chegou completo à atualidade: o auto “Na Festa de São Lourenço”, em tom de comédia e com texto trilíngue (castelhano, português e tupi). Quando morreu, diz a lenda, seu corpo foi carregado por um cortejo de três mil índios.