maconha in1MACONHA é o nome popular da planta herbácea Cannabis sativa, da família das Canabinaceae, produtora de óleos essenciais e do cânhamo (uma fibra têxtil). Originária da região ao norte do Himalaia, adapta-se bem aos climas temperados. Monoica, (a mesma planta produz flores masculinas e femininas), sua fecundação é cruzada, reproduzindo-se por meio de sementes. De suas folhas pode ser retirada uma droga narcótica, que recebe muitos nomes, além de maconha: diamba, liamba, pango, birra, dirígio, haxixe, xibaba, marijuana, etc. Entre os compostos da planta (canabinoides) estão o canabinol, o canabidiol, o ácido canabiolico e diversos isômeros de tetra-hidrocanabiol (THC), que são responsáveis pela ação da droga.

Nos animais, tais substâncias provocam, sobretudo, vômito, diarreia, tremores e falta de coordenação motora, efeitos relacionados com a ação que elas exercem sobre o sistema nervoso. Conhecida há mais de 4.500 anos (foi citada em um herbário chinês de 2.700 antes de Cristo), é plantada em muitos países, que utilizam sua fibra para fabricar tecidos. Foi usada como analgésico e sedativo na Índia, onde os nativos também a aplicavam no fabrico de um licor (bangue). No Brasil, chegou com os escravos africanos, tendo sido utilizada na preparação do cachundé, pasta mastigada para dar bom hálito. Suas flores faziam sucesso como condimento culinário para dar mais sabor à pimenta-do-reino. Os fumantes costumam usar cigarros (conhecidos na gíria como pacau, baseado, cheio e fininho) ou cachimbo, mas a erva também pode ser cheirada ou comida.

maconha in2Seus efeitos mais imediatos são taquicardia, congestão vascular nas conjuntivas, tensão no tórax, baixa salivação, sede, descoordenação motora e certa perda de percepção espaço-temporal. Esses sintomas variam muito, conforme a quantidade de droga consumida, o modo de ingestão e a experiência do consumidor. Entre os efeitos subjetivos, o mais comum é o estado de sonolência, no qual as ideias se tornam desconexas e incontroláveis, surgindo como pedaços de uma sequência interrompida; pensamentos esquecidos podem ser recordados, os minutos podem parecer horas e vice-versa. Doses maciças da droga podem causar alucinações visuais, ansiedade, depressão e reações paranoicas e psicóticas.

Segundo alguns estudos, não provoca dependência, embora a interrupção abrupta de seu consumo possa causar desconforto. Depois de usá-la com alguma frequência, as pessoas desenvolvem certa tolerância orgânica, e precisam de doses maiores. A droga parece atuar apenas sobre os centros superiores do cérebro (memória, raciocínio e percepção), aguçando-os ou bloqueando-os. Testes revelaram sua ação sobre o nervo vago, que controla as batidas do coração. Daí, os riscos de taquicardia. Especialistas consideram-na agente cancerígeno, baseados na constatação de que as substâncias que a compõem tendem a se depositar e a se acumular nos tecidos gordurosos do corpo. Além disso, as doenças mentais e nervosas podem se acentuar, com seu uso excessivo. Para muitos sociólogos e psicólogos, o maior perigo do seu uso está na distorção da realidade que ela pode provocar, criando um clima emocional muito otimista ou pessimista, de acordo com a personalidade de quem a ingere.

maconha-charge1Desde o início do século XX, a maioria dos países promulgaram leis contra o cultivo, a posse ou a transferência da cannabis sativa. Estas leis impactaram negativamente o cultivo da planta para fins não recreativos, mas há muitas regiões onde, em certas circunstâncias, a manipulação é legal ou licenciada. Em algumas áreas onde o uso da maconha tem sido historicamente tolerado, algumas novas restrições foram postas em prática, tais como o fechamento de cafés de maconha perto de escolas secundárias e das fronteiras da Holanda.

Em 2012 o governo do Uruguai apresentou um projeto de lei que visa liberar a venda da maconha de forma controlada. O principal objetivo dessa iniciativa seria o de enfraquecer o narcotráfico. O próprio estado venderia a planta através de redes estatais, com registro de consumidores. No Brasil, a campanha pela legalização ganhou força a partir das décadas de 1980 e 1990, com o apoio forte de artistas e políticos liberais. É uma das bandeiras do político Fernando Gabeira, que tentou colocar em prática o cultivo do cânhamo para fins industriais, ideia que tem também o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em Portugal, o uso da maconha foi descriminalizado em 2000, através de uma lei aprovada pelo parlamento.

 

 



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