fagundesvarella in1Fagundes Varella

LUÍS NICOLAU FAGUNDES VARELLA nasceu no dia 17 de agosto de 1841, na cidade de Rio Claro, Rio de Janeiro. Morreu no dia 18 de fevereiro de 1875, na cidade de Niterói, Rio de Janeiro. Filho de uma abastada família carioca, foi um poeta romântico e boêmio inveterado. Aos 18 anos, foi para São Paulo e matriculou-se na Faculdade de Direito. Depois, trocou a capital paulista por Recife, mas não terminou o curso. Faz parte da transição entre a primeira e a segunda geração dos poetas românticos brasileiros. Casou-se aos 21 anos.

Teve um filho, que morreu aos três meses de idade. Diz a lenda que essa morte teria sido culpa do próprio poeta, que, chegando em casa tarde da noite e embriagado, teria se deitado sobre o filho, sufocando-o. Esse fato teria lhe inspirado o poema Cântico do Calvário, considerado um dos mais belos da poesia brasileira em todos os tempos. Antes de morrer precocemente aos 33 anos de idade, viveu embriagando-se, escrevendo e vivendo à custa do pai. Deixou as obras Noturnas (1861), Vozes da América (1864), Cantos e Fantasias (1865), Cantos Meridionais (1869), Anchieta ou O Evangelho nas Selvas (1875, póstumo), Diário de Lázaro (1880, póstumo. É o patrono da cadeira n.º 11 da Academia Brasileira de Letras.

Cântico do Calvário

Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.

Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, a inspiração, a pátria,
O porvir de teu pai! — Ah! no entanto,
Pomba, — varou-te a flecha do destino!

Astro, — engoliu-te o temporal do norte!
Teto, — caíste! — Crença, já não vives!
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!

 

 



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