Getúlio — Os Últimos Dias

Vinha de longe o desejo do diretor João Jardim de realizar o filme sobre os últimos dias do presidente Getúlio Vargas. Anos atrás, ele participou da minissérie Agosto, exibida pela Rede Globo, a qual tratou justamente deste período da história brasileira. Desde então, o filme ficou no seu imaginário. Ele sabe que o assunto é polêmico. A personalidade de Vargas sempre acirrou controvérsias e despertou paixões. Ele era o “pai do povo”, o “caudilho”, o “ditador”. Era muitas pessoas em uma só. O que o filme retrata é o Getúlio constitucionalista, que não quis rasgar a constituição pela terceira vez, como fizera durante o Estado Novo. A estreia está prevista para 1.º de maio.

No filme, Getúlio Vargas é vivido pelo experiente Tony Ramos. Mesmo não sendo muito parecido fisicamente com o ex-presidente, o ator foi escolhido por seus dotes dramáticos. Uma prótese o dotou de barriga, mas ele precisou criar o seu “Getúlio”. Em dezenove dias, o Palácio do Catete (sede do governo) desmoronou. O Getúlio alquebrado pisa duro para provar que está no comando. O momento é decisivo: o presidente se dilacera entre a lealdade de alguns e a traição de outros. Ele se isola, mas não se esconde. Segundo o diretor, o filme, além de documentário, é um thriller político. Além de Tony Ramos, o elenco apresenta Drica Moraes como Alzira Vargas, a filha dileta do presidente.

Dias antes do seu suicídio (ocorrido em 24 de agosto de 1954), Getúlio Vargas enfrentou um tiroteio sem precedentes, vindo não só da oposição, mas de largos setores da sociedade. Ele foi acusado de ter mandado assassinar o seu principal oponente, o deputado federal e jornalista carioca Carlos Lacerda. Além disso, ele teria acobertado o principal suspeito do atentado, o chefe da sua guarda pessoal Gregório Fortunato. No evento, morreu um major da Aeronáutica, amigo de Lacerda. De acordo com a crítica, o filme é simpático a Getúlio, chegando ao ponto de informar que ele teria mandado investigar o caso “doa a quem doer”. Ao se suicidar, o presidente deixou uma carta em que se sobressaiu a frase “deixo a vida para entrar na história”.

ELENCO/PERSONAGENS
Tony Ramos (Getúlio Vargas), Alexandre Borges (Carlos Lacerda), Leonardo Medeiros (General Caiado), Drica Moraes (Alzira Vargas), Daniel Dantas (deputado da oposição), Adriano Garib (General Genóbio), Murilo Elbas (mordomo), Murilo Grossi (Major Fitipaldi), José Raposo (Nero Moura), Cláudio Tovar (deputado da situação), Sílvio Matos (General Carneiro), Clarisse Abujamra (Clarisse Vargas), Thiago Justino (Gregório Fortunato), Paulo Giardini (Brigadeiro Eduardo Gomes), Luciano Chiroli (General Tavares), Gillray Coutinho (Almirante Guilhobel), Marcelo Médici (Lutero Vargas), Fernando Luís (Benjamin Vargas), Paulo Japyassu (João Valente) e outros.

FICHA TÉCNICA
DIREÇÃO: João Jardim. ROTEIRO: George Moura.
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Carla Camurati. MÚSICA ORIGINAL: Federico Jusid.
FOTOGRAFIA: Walter Carvalho. MONTAGEM: Pedro Bronz.
DESENHOS DE PRODUÇÃO: Fernanda Neves. ARTE: Thiago Marques.
FIGURINOS: Marcelo Pies e Valéria Stefani.SOM: Pedro Melo.
COMPANHIA: Copacabana Filmes.

 Veja também
Biografia de Getúlio Vargas
Biografia de Carlos Lacerda