Na concepção greco-romana, os deuses eram entidades superiores imortais, estabelecidas pelo homem como resposta ideológica aos mistérios da natureza e da vida. Concretizavam-se sob a forma de mito. Embora tivessem o princípio da imortalidade, personificavam as qualidades e os defeitos humanos. Podiam ser questionados e até escarnecidos, sem que isso representasse uma atitude sacrílega. Classificavam-se em divindades primordiais, divindades superiores, divindades siderais, divindades dos ventos, divindades das águas e divindades alegóricas.
Divindades primordiais: Caos, Geia (Terra), Eros, Érebo, Céu, Noite, Éter, Dia, Mar, Titãs, Ciclopes e Hecatonquiros. Divindades superiores, que formavam o conselho do Monte Olimpo: Zeus (Júpiter), Hera (Juno), Héstia (Vesta), Deméter (Ceres), Apolo, Artêmis (Diana), Afrodite (Vênus), Hefesto (Vulcano), Poseidon (Netuno), Ares (Marte), Hermes (Mercúrio) e, mais tarde, Dioniso (Baco). Divindades siderais: Sol, Lua e Aurora. Divindades dos ventos: Bóreas, Zéfiro, Euro, Noto e Éolo. Divindades da águas: Oceano, Nereu, Proteu, Ninfas e deuses fluviais. Divindades alegóricas: Justiça, Fortuna, Vitória, Paz, Amizade, Sabedoria, Verdade, Prudência e Liberdade.
CAOS — Espaço aberto, matéria rude e informe, à espera de ser organizada, onde se encontram os princípios de todas as coisas. Nesse espaço, surgiu Geia (Terra). Genealogicamente, deu origem ao Érebo e à Noite, de que procedem o Dia e o Éter. A Terra gerou o Céu, as montanhas e o Mar. Aos poucos, o Caos foi se constituindo e ordenando por meio de Eros, a forma que levava em si os elementos da agregação e combinação. Geia (Terra) uniu-se ao Céu e nasceram as divindades primordiais (das quais surgiram os deuses olímpicos), os Titãs e os Ciclopes. Para os estudiosos Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, “o Caos é a personificação do vazio primordial, anterior à criação, quando a ordem ainda não havia sido imposta aos elementos do mundo”.
As demais cosmogonias seguem o mesmo princípio. Como em Javé: “A terra, porém, estava informe e vazia, e as trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre as águas”. Na cosmogonia egípcia, o Caos é uma energia poderosa do mundo informe e não ordenado, que cinge a criação ordenada, como o oceano circula a terra. Existia antes da criação e coexiste com o mundo formal, envolvendo-o como uma imensa e inexaurível reserva de energias, nas quais se dissolverão as formas nos fins dos tempos. Na tradição chinesa, citada pelo estudioso Junito de Souza Brandão, o Caos é o espaço homogêneo, anterior à divisão em quatro horizontes, que equivale à criação do mundo.