paulo vanzolini in1Vanzolini

29/04//2012 — O compositor e zoólogo Paulo Vanzolini morreu na noite deste domingo (28/04/2013), aos 89 anos, em São Paulo. Ele estava internado desde a quinta-feira (25/04/2013) no Hospital Albert Einstein com pneumonia (a internação coincidiu com a data de seu aniversário). Segundo o hospital, ele morreu devido a complicações relacionadas à doença. Considerado, ao lado de Adoniran Barbosa, o grande nome do samba em São Paulo, ficou conhecido pela autoria de clássicos da música brasileira como Ronda e Volta por Cima.

Sobre esta última canção, o autor a considerava um fracasso porque “ninguém entendeu que o importante não é dar a volta por cima, é reconhecer a queda”. Já sobre Ronda, comentou: “Essa música é de uma pieguice desgraçada”. Apesar de ser autor de mais de setenta músicas, Paulo Vanzolini preferia ser reconhecido pelo seu trabalho como zoólogo. Como cientista, ele escreveu mais de cento e cinquenta artigos acadêmicos. Foi diretor do Museu de Zoologia, da Universidade de São Paulo, onde trabalhou por mais de cinquenta anos, e foi premiado pela Fundação Guggenheim, em Nova York, pelo sua obra científica. Em 2008, ele doou ao museu o acervo de sua biblioteca particular de vinte e cinco mil livros, na qual colecionava inclusive obras raras, periódicos e mapas. Segundo o governo de São Paulo, o acervo tem valor estimado em R$ 600 mil.

paulo-vanzolini ze1PAULO VANZOLINI nasceu no dia 25 de abril em 1924, na cidade de São Paulo. Mudou-se com a família para o Rio de Janeiro aos quatro  anos de idade. Dois anos depois voltou para a cidade natal, onde desenvolveu sua paixão pelo samba. Começou a frequentar rodas de boêmios na adolescência, mas jamais deixou a boemia afastá-lo de outra paixão, os estudos. Já interessado por zoologia de vertebrados, entrou para a Faculdade de Medicina, onde se diplomou em 1947. A juventude também foi marcada por operações para tratar um problema nos ossos, que deixaram cicatrizes na perna.

Incomodado com a fama de menino doente que tinha na família e decidido a ganhar a vida com seu próprio sustento, saiu da casa dos pais e foi morar no Edifício Martinelli, no centro da cidade. A mudança o aproximou mais da boemia, já que no prédio havia um “táxi-dancing” (salão onde dançarinas aguardavam clientes, que pagavam para dançar). Ele e os amigos, porém, frequentavam o lugar de graça, devido à amizade com os músicos e com as dançarinas. Após o casamento com Ilze, então secretária da reitoria da USP, o compositor se mudou com a mulher para os Estados Unidos, onde se tornou doutor em Zoologia pela Universidade de Harvard. O período americano não foi dedicado apenas à vida acadêmica. Conviveu com músicos de jazz em Nova Orleans e outras localidades. Além disso, suas principais letras teriam sido escritas nessa época.

O compositor nunca estudou música e nem pensou em abandonar a biologia para ser compositor profissional. As músicas eram um hobby para ele: as composições eram feitas nas horas vagas ou para matar as saudades. Mas é inegável a sua importância para a música brasileira e, principalmente, para o samba paulista. A última composição foi Quando Eu For Eu Vou Sem Pena, gravada por Chico Buarque em 1997. Autodiagnosticado “duro de ouvido”, dizia não saber distinguir ritmo, tom ou qualquer outra técnica musical. O que contava era sua paixão pela música e pelos versos das canções. Nos últimos anos, ele reunia os amigos em casa para um encontro de “Os Ignorantes do Samba”. Em 2009, o cineasta Ricardo Dias lançou o documentário Um Homem de Moral, que permite conhecer o universo musical de Paulo Vanzolini. O filme mostra também a vida profissional dele como zoólogo (Fonte: Veja).

 

 



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