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CALÍMACO DE CIRENE nasceu em dia e mês incertos do ano de 310 antes da Era Cristã, na cidade de Cirene, antiga colônia grega, situada na região da atual Líbia. Morre em dia e mês incertos do ano de 240 a.C., na cidade de Alexandria, Egito. Ainda muito jovem, transferiu-se com a família para a cidade Atenas, onde foi educado. Depois, transferiu-se para a cidade de Alexandria, por causa de graves acontecimentos políticos ocorridos na cidade grega. Depois dos primeiros estudos, conheceu anos de dificuldades até que o rei Ptolomeu Filadelfo o convocou para a corte egípcia, fazendo dele chefe da biblioteca de Alexandria.

Tendo se tornado um renomado gramático, tornou-se, também, professor de alguns dos mais importantes literatos gregos da época. O catálogo que escreveu para a biblioteca de Alexandria pode ser considerado o fundamento da história da literatura grega. Seus poemas elegíacos, entre eles o “Hino a Apolo”, o “Hino a Zeus” e o “Os Cachos da Berenice”, foram, mais tarde, utilizados como fonte de inspiração por outros poetas gregos e romanos. Das oitocentas obras que escreveu, pouco mais de oitenta foram conservadas para a posteridade, entre elas seis hinos exaltativos e setenta epigramas. Alguns desses epigramas foram traduzidos e publicados na obra “Antologia Grega”, do brasileiro José Paulo Paes. Em vida, manifestou-se contrário à filosofia aristotélica, contestando a perfeição e a extensão defendidas pelo filósofo.

Hino a Zeus

Ó mais glorioso dos imortais, deus de muitos nomes e sempre poderoso,
Zeus, senhor da natureza, que tudo governas com leis, salve!
Pois a todos os mortais é lícito falar-te.

Em ti está a nossa origem; a sorte de ser a imagem de um deus,
Só a nós coube, entre tantos seres mortais que vivem e rastejam sobre a terra.
Por isso te entoarei um hino e cantarei sempre o teu poder.

A ti obedece todo este mundo que gira em torno da Terra,
por onde quer que o leves, e de boa mente te é submisso.
Seguras nas invictas mãos, como teu servidor,
O raio incandescente e de dois gumes, sempre vivo.

Sob o seu impulso, caminha toda a obra da natureza:
Com ele diriges a tua Palavra universal, que passa através de tudo,
Misturando-se com o astro luminoso maior, e também com os menores.
Não se faz sobre a terra obra alguma sem ti, ó deus,
Nem sobre o etéreo pólo divino, nem sobre o mar,
Exceto os actos dos malvados na sua demência.

Mas tu sabes ajustar mesmo o que é discordante
E ordenar o que é caótico, e ódio em ti é amor.
E assim harmonizaste tudo o que é nobre com o que é vil, numa só unidade,
De modo a originar uma Palavra eterna de tudo,
A que fogem aqueles dos mortais que são inferiores,
Insensatos, sempre a almejar a posse do bem,
sem verem nem atenderem à lei universal do deus,
Em cuja obediência seriam conosco felizes.

São eles mesmos, insensatos, que se precipitam cada um para seu mal,
Uns com uma pressa funesta de alcançar fama,
Outros voltados para a ganância desordenada,
Outros ainda para a licença e os doces prazeres físicos;
Procedem sem pensar, arrastados de um lado para o outro,
Apressando-se com vigor para que suceda o contrário dos teus desejos.

Mas ó Zeus remunerador de tudo, senhor das nuvens negras e do raio coruscante,
Salva os homens da funesta ignorância,
Sacode-a, ó pai, da sua alma, concede-lhes que obtenham
A sabedoria com cujo apoio tudo governas com justiça,
A fim de que, honrados, te correspondamos com honra,
Cantando sem cessar as tuas obras, como cumpre a um mortal,
Já que, nem para homens nem para deuses,
Há maior honra do que celebrar sempre a tua lei universal.


 

 

 



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