Antônio Ermírio: o “rei” do cimento
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES nasceu no dia 4 de junho de 1928, na cidade de São Paulo. Morreu no dia 24 de agosto de 2014, vítima de uma insuficiência cardíaca. Foi uma referência para o empresariado brasileiro. Cursou engenharia metalúrgica no Colorado, Estados Unidos. Ao voltar para o Brasil, em 1949, teve como primeiro emprego um estágio não remunerado na Siderúrgica Barra Mansa, uma das empresas da família. Em 1955, foi o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio. Já na liderança do Grupo Votorantim, resolveu se aventurar na política, contra as recomendações de seu falecido pai, e concorreu ao governo de São Paulo em 1986. Derrotado por Orestes Quércia, do PMDB, terminou em segundo lugar, com mais de 3,6 milhões de votos.
Depois disso, só voltou a se envolver em política para declarar apoio a candidatos, como fez com José Serra na disputa contra Lula da Silva em 2002. Seguindo a tradição de grandes bilionários e self made men americanos, também dedicou boa parte de sua vida à filantropia, contribuindo com a Sociedade Beneficência Portuguesa e a Cruz Vermelha. Apesar de sua fortuna, adotava uma estilo simples e preferia dirigir carros velhos. Em 2001, aos 74 anos, deixou o conselho de administração do grupo e passou para os filhos o comando do conglomerado. Nos últimos anos, começou a sofrer do Mal de Alzheimer.
Mais importante do que seus bilhões, chamava atenção o seu talento para comandar o Grupo Votorantim. Antônio Ermírio assumiu a liderança da empresa ao lado do irmão, José Ermírio, em 1973, após a morte do pai. Em quase três décadas à frente do conglomerado, que atua nos setores metalúrgico, cimento, papel e celulose, adotou um estilo conservador, avesso a riscos, e sobreviveu a graves crises econômicas, consolidando a posição do grupo como um dos principais do país. Ao mesmo tempo, tornou-se a maior liderança empresarial do Brasil: uma referência de sucesso e boa gestão a seus pares e uma das vozes mais ouvidas e respeitadas no debate público sobre o progresso nacional.
Crítico ferrenho da burocracia estatal e dos obstáculos colocados pelo governo ao crescimento das empresas, orgulhava-se do fato de que seu grupo nunca tinha sido favorecido pelo poder. “Se tivéssemos colocado nossas fichas em governos, já teríamos fechado as portas”, disse em entrevista à revista VEJA. Para ele, não existia uma fórmula mágica para um negócio – ou a economia de um país – prosperar. “O fundamental é seguir a lógica, o bom senso, e ouvir as boas cabeças que você tem na empresa. Não existem truques”, pregava. Um entusiasta do empreendedorismo, também era uma das vozes contrárias a medidas assistencialistas do governo: “Acho péssimo quando vejo que a prioridade do governo é dar esmola, não acabar com os entraves à criação de empregos” (com revista VEJA).