06/04/2015 — A Cúria Romana analisa o pedido feito pela Arquidiocese de Olinda e Recife para iniciar o processo de beatificação do dom Hélder Câmara. A expectativa agora está no posicionamento dos dicastérios, que são departamentos do governo da igreja. Uma carta enviada à arquidiocese pela Congregação das Causas dos Santos explica que, caso seja dado o “Nihil Obstat” (Nada Consta), a igreja pernambucana poderá iniciar o processo na diocese. A primeira etapa do processo consistirá em nomear dom Hélder “servo do senhor”. Em seguida, a partir da aprovação de estudos feitos por uma comissão jurídica, com base da análise de textos publicados pelo religioso e de testemunhos de pessoas que o conheceram, o papa concede o título de “venerável servo do senhor”. O passo seguinte será a beatificação.
HÉLDER PESSOA CÂMARA nasceu no dia 7 de fevereiro de 1909, na cidade de Fortaleza, Ceará. Morreu no dia 27 de agosto de 1999, na cidade do Recife, Pernambuco. Foi o décimo primeiro filho de um jornalista — crítico teatral — com uma professora primária. Desde cedo manifestou a sua vocação para o sacerdócio. Ingressou no Seminário Diocesano da sua cidade natal em 1923. Nesta instituição, cursou o ginásio e concluiu os estudos de filosofia e teologia. Foi ordenado padre no dia 21 de agosto de 1931. Nesse mesmo ano, fundou a Legião Cearense do Trabalho.
Em 1933, criou a Sindicalização Operária Feminina Católica, que congregava as lavadeiras, as passadeiras e as empregadas domésticas. Mais tarde, chegou a ser nomeado diretor técnico do departamento da educação do Estado do Ceará. Em 1936, transferiu-se para o Rio de Janeiro para aprofundar seus estudos na área educacional. Nesse período, associou-se à Ação Integralista Brasileira, um grupo direitista que se propunha a estudar os problemas gerais do país. Foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro em 1952. Travou contato com o cardeal italiano Giovanni Montini (futuro papa Paulo VI), resultando na criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Também foi o artífice da criação do Conselho Episcopal Latino-Americano em 1955. Em 1956, fundou a Cruzada São Sebastião, com o objetivo de construir moradias para os favelados.
Em 1959, fundou o Banco da Providência, instituição especializada no oferecimento de microcrédito para pessoas de baixa renda. Em março de 1964, foi designado para o arcebispado do Recife e Olinda, em Pernambuco. Durante o seu mandato, que durou até 1985, criou vários órgãos e fortaleceu as comunidades eclesiais de base. Nessa época também se tornou um dos grandes opositores do regime militar. Por isso, foi perseguido e acusado de querer implantar o comunismo no Brasil. Em 1984, ao completar 75 anos, apresentou sua renúncia ao Vaticano, que a deferiu em 1985. A Arquidiocese do Recife criou o Instituto Dom Hélder Câmara, onde está guardado o seu acervo histórico. A CNBB, em 2002, criou, em sua homenagem, o Prêmio Dom Hélder de Imprensa para premiar trabalhos jornalísticos voltados para o bem comum. No Senado Federal, em 2010, foi criada a Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara para agraciar personalidades que tenham oferecido contribuição relevante na área.