Monet & Meule
18/11/2016 — “Meule”, quadro do Claude Monet, parte de uma série do pintor francês, foi vendido por US$ 81,4 milhões (R$ 277 milhões), um recorde para uma obra do artista, durante um leilão organizado em Nova York pela Christie’s. O recorde anterior era de junho de 2000, quando “Le Bassin aux Nymphéas” foi vendido por US$ 80,4 milhões.
O preço final, que inclui os gastos e a comissão, superou amplamente a estimativa da casa de leilões antes da venda: US$ 45 milhões. O comprador participou no leilão pelo telefone. A tela integra uma série de obras pintadas durante o inverno de 1890-1891 na casa do artista na cidade de Giverny, Normandia. Em 2014, o quadro “Cleopatra'sNeedleandCharing Cross Bridge”, produzido em 1899, foi arrematado no Rio de Janeiro por R$ 20 milhões. Em 2012, a obra “Nenúfares” foi vendida em Nova York por US$ 30 milhões.
Claude Monet
Nasceu no dia 14 de novembro de 1840 na cidade de Paris, França. Morreu no dia 5 de dezembro de 1926 na localidade de Giverny. Mudou-se para o Havre (um departamento da Alta Normandia) aos cinco anos de idade, acompanhando o pai, que era comerciante de especiarias. Desde menino, mostrou aptidão para o desenho. Com o pintor Eugene Boudin, teve algumas aulas ao ar livre, quando descobriu, então, a natureza e a pintura. Em 1859, voltou para Paris, pensando em ingressar na Escola de Belas Artes. No entanto, acabou frequentando o estúdio de Charles Jacques (1813-1894) e a Academia Suíça, onde encontraria Camille Pissaro.
No ano seguinte, fez uma opção: preferiu o serviço militar de sete anos de duração as aceitar a imposição paterna de estudar na Academia de Belas Artes. No entanto, adoentado, foi obrigado a regressar da Argélia, onde servia, dois anos depois. Submeteu-se, pois, à vontade do pai. Passou, a partir daí, a frequentar o estúdio de Charles Gleyre (1806-1894), ponto de encontro de um grupo com nova orientação estética, que contava, entre outros, com Pierre-Auguste Renoir e Alfred Sisley. Nesta época, reencontrou Johan Jonkind, a quem se referiria mais tarde com a seguinte expressão: “ele foi, a partir desse momento, meu verdadeiro mestre”. Na Páscoa de 1863, todo o grupo foi pintar ao ar livre na floresta de Fontainebleau.
Sucederam-se as telas realizadas às margens do Rio Sena, no campo, no centro de Paris. Convidado a copiar as obras do Museu do Louvre, preferiu pintar o que via da janela: Saint-Germain l´Auxerrois, Terraço Sobre o Mar Perto do Havre e Mulheres No Jardim. Expôs pela primeira vez em 1866. O salão aceitou o retrato da modelo Camille Doncieux, que se converteu em enorme sucesso. Ao receber a notícia, a família resolveu lhe aumentar a mesada. Mas uma outra notícia — a de que o pintor vivia com a modelo — provocou a suspensão definitiva da ajuda paterna. Obrigado pelas péssimas condições financeiras, separou-se da amante.
Em 1867, quando se encontrava em Saint-Abresse, chegou-lhe a notícia do nascimento do primeiro filho. Retornou a Paris, passando a viver das prestações de um quadro — Mulheres No Jardim — que acabara de vender. No ano seguinte, entretanto, a miséria o levou a tal grau de desespero que tentou o suicídio. Graças à ajuda dos amigos, retomou a vida e o pincel, pintando com Renoir, a quatro mãos, La Grenouillère, um dos seus trabalhos mais significativos. Casou-se Camille em 1870. Em setembro deste ano, devido à Guerra Franco-Prussiana, refugiaram-se na Inglaterra, onde reencontrou seu velho amigo Camille Pissaro. Em 1872, voltou com a mulher para a França, passando antes pela Holanda e Bélgica. Fixou residência em Argenteuil.
O nome da cidade passou a designar um período de produção, que muitos críticos consideram o melhor de sua obra. Nos quadros dessa fase a atmosfera é sutil, a luminosidade é intensa, a visão é pura. Evocam-se poeticamente os reflexos, as cores puras configuram a harmonia e as sombras nascem com as cores complementares. As pinceladas adquirem a forma de vírgulas. Nesse momento, estava consolidada a estética impressionista. Nos seis anos de residência em Argenteuil, produziu algumas obras-primas, entre as quais, As Regatas de Argenteuil, As Papoulas, A Ponte da Estrada de Ferro de Argenteuil, Barcos, O Verão e A Bacia de Argenteuil.
Em princípio de 1878, mudou-se para Vétheuil, cidade que marcou novo período de sua obra, caracterizado pela escolha de novos temas: as árvores, os campos, a aldeia e a neve. Seu trabalho ganhou um ritmo intenso. Dois acontecimentos provocariam reações contraditórias em suas telas: o nascimento do segundo filho, em 1878, inspirou a tela Rua Montorgueil Embandeirada, e a morte de Camille, em 1879, traduziu-se na atmosfera melancólica do quadro Rua Na Aldeia. O ritmo do seu trabalho permitiu que, ao sair de Vétheuil, deixasse mais duas obras: Vétheuil No Inverno e A Igreja de Vétheuil — Efeito da Neve.
Por volta de 1880, o grupo dos impressionistas se achava praticamente desagregado. Os pintores passaram a procurar formas particulares de expressão. Mas as divergências fizeram com que deixassem de ser organizadas as exposições do grupo. Em decorrência, o movimento entrou em crise. Em 1883, mudou-se para Giverny. Ali, iniciou um período de constantes viagens. Em companhia de Renoir, visitou Paul Cèzanne em L´Estaque, de onde foram para Bordighera e Menton. Nesse ano, realizou-se a primeira exposição individual na Galeria Durand Ruel. O acontecimento foi quase sucesso. O público e a crítica começavam a aceitar o impressionismo.
Em 1800, conseguiu comprar a casa de Giverny, dedicando-se ao trabalho do jardim aquático, que seria uma fonte de inspiração por mais de trinta anos. Nessa época, começou a produzir as séries que consistem na representação do mesmo tema, visto em diferentes horas do dia. O primeiro trabalho foi Choupos à Beira do Epte. A série mais conhecida é composta pelas vinte variantes da Catedral de Rouen. Para realizar o trabalho, instalou-se em uma casa em frente à catedral, observando a mutação da luz. Assim, decompôs as formas da catedral. O espectador passou a agir ao observar o quadro, pois ele recompõe, segundo sua experiência, as formas da igreja.
Em 1895, era o pintor vivo mais famoso da França. Nesse mesmo ano, casou-se com a viúva Hoschede e viajou à Noruega. Em 1899, em Londres, pintou a casa do Parlamento e as pontes do Rio Tâmisa. Em 1908, Veneza também passaria as telas impressionistas. Dessa época, é o quadro Veneza — O Canal Grande. Durante toda a vida, a dedicação ao trabalho não foi perturbada por nenhum acontecimento, nem mesmo pela doença que lhe ameaçava a visão. Em sua longa existência — 86 anos — deixou uma lição básica para a pintura: seu primeiro objeto de estudo deveria ser a luz. A realidade não teria formas e cores definidas. Toda a aparência dos objetos dependeria da variação da intensidade luminosa e seus reflexos. O pintor deveria preocupar-se com a representação do objeto visto momentaneamente e não como uma ideia abstrata e imutável.