07/01/2016 — Os procuradores que atuam na Operação lava-Jato ficaram atônitos com o depoimento prestado pelo empresário Marcelo Odebrecht. Ao ser confrontado com os negócios escusos feitos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu: “O Lula nunca gostou de mim. Quem sempre tratou com ele foi meu pai”. De acordo com uma reportagem publicada pela revista Veja, o “príncipe dos empreiteiros” sempre teve uma relação tumultuada com o seu genitor, Emílio Odebrecht. Desde garoto, sempre esteve mais ligado ao fundador do grupo, o avô Norberto. No caso da Lava-Jato, o herdeiro, ao ser preso, foi obrigado a renunciar à presidência da empresa.
Ao reassumir o cargo, o pai teria armado um esquema para livrar a empresa e deixar o filho levar a culpa sozinho. Ele teria percebido a trama em dezembro de 2015. Na ocasião, o Superior Tribunal de Justiça negou o seu último pedido de habeas corpus. Dois meses depois, a secretária Maria Lúcia Tavares, que trabalhava havia quatro décadas na Odebrecht, foi presa e resolveu revelar a verdade sobre o setor de “operações estruturadas” da construtora, que passou a ser conhecido como “departamento da propina”. A secretária, em seguida, detalhou como funcionava a maior engrenagem da corrupção no Brasil. Marcelo teria percebido a influência do pai nas informações dadas pela secretária à Polícia Federal. O relacionamento dos dois azedou de vez. Emílio visitou o filho na cadeia apenas uma vez. Foi o próprio Marcelo quem pediu ao pai para não mais voltar.
A Condenação Na Justiça
08/03/2016 — O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato em Curitiba, condenou o empreiteiro Marcelo Odebrecht, herdeiro do conglomerado que leva seu nome, a 19 anos e quatro meses de prisão, em regime fechado, pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Segundo o magistrado, em apenas um dos crimes de corrupção envolvendo o réu foram movimentados R$ 46,7 milhões em propina. Conhecido como o “príncipe das empreiteiras”, Odebrecht está preso há quase um ano. A condenação é a sua primeira no escândalo do petrolão. O executivo responde, ainda, a outros processos e pode ter a pena majorada, se for condenado nas outras ações a que responde.
Marcelo Bahia Odebrecht
Nasceu no dia 18 de outubro de 1968, na cidade de Salvador, Bahia. É neto do Norberto Odebrecht, fundador da empresa homônima. Começou a trabalhar na companhia em 1992, quando concluiu o curso de engenharia civil. Sua primeira responsabilidade de porte foi a construção de uma hidrelétrica no Estado de Goiás, em 1994. Depois, partiu para a Inglaterra, onde a empresa montava duas plataformas de petróleo. Na Europa, cursou mestrado na Suíça. Passou também uns tempos nos Estados Unidos, retornando ao Brasil em 2002 para assumir o setor de engenharia e construção do grupo. Em 2008, em meio à crise financeira global, substituiu o pai — Emílio Odebrecht — no comando da empreiteira. A Odebrecht tem 15 divisões e está presente em 21 países.
Olacyr Francisco de Morais nasceu no dia 1.º de abril de 1931, na cidade de Itápolis, São Paulo. Morreu no dia 16 de junho de 1915, na cidade de São Paulo.
O empresário paulista Olacyr de Moraes, conhecido como “rei da soja”, lutava contra um câncer no pâncreas desde o início de 2014. Ele lutou bravamente contra a doença, mas acabou sucumbindo a ela. O título foi conquistado porque se tornou, na década de 1980, o maior produtor individual de soja do mundo. Durante a sua vida chegou a ter mais de quarenta empresas nos setores da construção civil, agrícola e exploração de minérios. Em 2015, apresentava-se como dono de importantes jazidas de minérios raros na Bahia, Piauí e São Paulo. Era filho de um vendedor de máquinas de costura. Aos 19 anos, abriu, com o irmão e o pai, a empresa de transporte de cargas “Argeu Augusto de Moraes e Filhos Ltda.”
No agronegócio, o empresário começou em 1967, quando, se aproveitou de incentivos fiscais do governo para quem investisse na região amazônica. Criou, então, a Orpeca S.A., com um grupo de empresários. A companhia era voltada para a criação e engorda de gado no norte do estado do Mato Grosso. Em 1975, inaugurou a empresa Itamarati Norte S/A, e passou a produzir principalmente soja, milho e algodão. Seu império reunia um patrimônio avaliado em 1,2 bilhão de dólares. Nos anos seguintes, porém, uma série de investimentos malfeitos e dívidas acumuladas fizeram a roda da fortuna girar ao contrário. Perdeu fazendas e fechou as portas de diversos negócios. Estava sempre rodeado de jovens e lindas mulheres, para as quais bancava, além de jantares e viagens, estudos e até plásticas para muitas delas.
Nas últimas décadas, o empresário se dedicou a tentativas de recuperar o dinheiro e o prestígio perdidos. Com essa esperança, se aproximou do boliviano Andrés Firmin Heredia Guzmán. Lobista e ex-senador por seu país, Guzmán prometia transformá-lo no rei do minério, mas foi assassinado pelo motorista do empresário, Miguel Garcia Ferreira. Ao descer do apartamento de Olacyr, em abril do ano passado, o boliviano carregava uma mala com R$ 400 mil em dinheiro (“um empréstimo que eu fiz a ele”, disse o empresário à polícia). No hall do prédio, o motorista Ferreira aguardava Gusmán. Ao encontrá-lo, pediu carona. Na Avenida Morumbi, matou-o dentro do carro, com dois tiros no peito e um na cabeça. Preso, confessou o crime e disse que não tinha intenção de cometê-lo. Só queria dar “um susto” no boliviano, já que não aguentava mais vê-lo extorquir o patrão, a quem disse idolatrar.
Hugo Etchenique — da Brastemp
HUGO MIGUEL ETCHENIQUE nasceu no dia 24 de novembro de 1925, na cidade de La Paz, Bolívia.
Enquanto seu pai, já no Brasil, dava início ao empreendimento da Brasmotor, cursava a Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, onde se graduou em engenharia industrial. Sua formação acadêmica incluiu diversos cursos no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge e no Stevens Institute of Technology em Hoboken, Nova Jersey. Após um estágio na Borg Warner, empresa americana licenciadora da Brasmotor na fabricação de refrigeradores, chegou a São Paulo em dezembro de 1950.
Depois de trabalhar em todos os setores da fábrica de São Bernardo do Campo, assumiu uma das gerências da empresa. Participou da criação da marca Brastemp em 1954 e se envolveu nas negociações da transição da companhia para a linha branca na criação da Multibrás em associação com a Sears e a Whirlpool, em 1958, e na montagem final da holding Brasmotor, em 1961. Na sua época a empresa lançou a série de anúncios que consagraram o bordão “Não é assim uma Brastemp...”. Dois anos depois, assumiu a superintendência da Multibrás. Nos anos de 1970, coordenou a incorporação e o ajustamento da Consul e da Embraco ao grupo, processo que repetiria em 1984, com a aquisição do controle acionário da Semer, tradicional fabricante de fogões.
Sob o seu comando, a Brasmotor solidificou sua estrutura corporativa e preparou as bases de sua internacionalização nos anos 1990. Para realizar o primeiro objetivo, propôs a fusão de Brastemp, da Consul e da Semer na nova Multibrás S.A. Para o segundo, foi com seus executivos à Itália concluir a compra da Aspera SpA, importante fábrica de compressores, incorporando-a à Embraco. Em 2000, deixou a presidência do conselho da empresa. No mesmo ano, a Whirlpool — a maior fabricante de eletrodomésticos do mundo — passou a deter a quase totalidade das ações do grupo. A sua liderança pessoal como empresário e continuador da obra do pai também é reconhecida pelos prêmios recebidos de órgãos especializados e entidades de classe e pelos cargos que ocupou nos conselhos de importantes empresas e instituições.
Antônio Ermírio: o “rei” do cimento
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES nasceu no dia 4 de junho de 1928, na cidade de São Paulo. Morreu no dia 24 de agosto de 2014, vítima de uma insuficiência cardíaca. Foi uma referência para o empresariado brasileiro. Cursou engenharia metalúrgica no Colorado, Estados Unidos. Ao voltar para o Brasil, em 1949, teve como primeiro emprego um estágio não remunerado na Siderúrgica Barra Mansa, uma das empresas da família. Em 1955, foi o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio. Já na liderança do Grupo Votorantim, resolveu se aventurar na política, contra as recomendações de seu falecido pai, e concorreu ao governo de São Paulo em 1986. Derrotado por Orestes Quércia, do PMDB, terminou em segundo lugar, com mais de 3,6 milhões de votos.
Depois disso, só voltou a se envolver em política para declarar apoio a candidatos, como fez com José Serra na disputa contra Lula da Silva em 2002. Seguindo a tradição de grandes bilionários e self made men americanos, também dedicou boa parte de sua vida à filantropia, contribuindo com a Sociedade Beneficência Portuguesa e a Cruz Vermelha. Apesar de sua fortuna, adotava uma estilo simples e preferia dirigir carros velhos. Em 2001, aos 74 anos, deixou o conselho de administração do grupo e passou para os filhos o comando do conglomerado. Nos últimos anos, começou a sofrer do Mal de Alzheimer.
Mais importante do que seus bilhões, chamava atenção o seu talento para comandar o Grupo Votorantim. Antônio Ermírio assumiu a liderança da empresa ao lado do irmão, José Ermírio, em 1973, após a morte do pai. Em quase três décadas à frente do conglomerado, que atua nos setores metalúrgico, cimento, papel e celulose, adotou um estilo conservador, avesso a riscos, e sobreviveu a graves crises econômicas, consolidando a posição do grupo como um dos principais do país. Ao mesmo tempo, tornou-se a maior liderança empresarial do Brasil: uma referência de sucesso e boa gestão a seus pares e uma das vozes mais ouvidas e respeitadas no debate público sobre o progresso nacional.
Crítico ferrenho da burocracia estatal e dos obstáculos colocados pelo governo ao crescimento das empresas, orgulhava-se do fato de que seu grupo nunca tinha sido favorecido pelo poder. “Se tivéssemos colocado nossas fichas em governos, já teríamos fechado as portas”, disse em entrevista à revista VEJA. Para ele, não existia uma fórmula mágica para um negócio – ou a economia de um país – prosperar. “O fundamental é seguir a lógica, o bom senso, e ouvir as boas cabeças que você tem na empresa. Não existem truques”, pregava. Um entusiasta do empreendedorismo, também era uma das vozes contrárias a medidas assistencialistas do governo: “Acho péssimo quando vejo que a prioridade do governo é dar esmola, não acabar com os entraves à criação de empregos” (com revista VEJA).
Odebrecht, o homem da construção
NORBERTO ODEBRECHT nasceu no dia 9 de outubro de 1920, na cidade do Recife, Pernambuco. Morreu no dia 19 de julho de 2014, na cidade de Salvador, Bahia, em decorrência de complicações cardíacas.
Descendente de imigrantes alemães, mudou-se para Salvador, Bahia, ainda criança. Aos 15 anos começou a trabalhar nas oficinas do pai, nas quais era instruído por pedreiros, serralheiros e armadores. Antes mesmo de se formar engenheiro na Escola Politécnica da Bahia, aos 21 anos, assumiu a direção da empresa da família. Três anos depois, em 1944, fundou a própria construtora, inicialmente chamada “Norberto Odecrecht”. Até 1990, tornou-a uma das maiores do país.
Em 1991, deixou a presidência da Odebrecht S/A, passando o cargo para o filho Emílio Odebrecht. Tornou-se então presidente do Conselho de Administração, posto do qual sairia em 1998, abrindo a vaga novamente para o filho. Desde então, passou a presidente de honra do grupo, que, hoje, tem o neto Marcelo Odebrecht como diretor-presidente. Também era presidente do conselho de curadores da Fundação Odebrecht. Chegou a figurar em 2013 na lista dos homens mais ricos do mundo, anualmente editada pela revista americana Forbes. Ao longo de sua história, a empresa que fundou passou a atuar em 23 países.
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