EDUARDO DE GÓES LOBO nasceu no dia 29 de agosto de 1943, no Rio de Janeiro. Filho do compositor Fernando Lobo, começou na música tocando acordeão, mas acabou se interessando pelo violão, contra a vontade do pai. Iniciou a carreira profissional nos anos de 1960, fortemente influenciado pela Bossa Nova, quando então, numa parceria com Vinicius de Moraes, compôs “Só Me Fez Bem”. Porém, com o decorrer do tempo, adotou uma postura mais político-social, refletindo os anseios da geração reprimida pela ditadura militar. Nesta fase, surgiu a parceria com Ruy Guerra e as composições engajadas “Reza” e “Aleluia”.
Ao mesmo tempo, participava de vários festivais de música popular. Obteve o primeiro prêmio em 1965 no Festival do Guarujá, com a música “Arrastão” (com Vinicius de Moraes) e, em 1967, com “Ponteio” (com José Carlos Capinam), venceu o Terceiro Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. A partir daí, passou a se dedicar à composição de trilhas para espetáculos teatrais, entre eles o histórico “Arena Conta Zumbi”, ao lado de Gianfrancesco Guarnieri. Depois de uma temporada nos Estados Unidos, voltou ao Brasil e retomou várias parcerias, entre elas a com Chico Buarque. Juntos, compuseram a música de novas peças e balés. Em 1995, recebeu o Prêmio Sharp de melhor disco de música popular brasileira, com “Meia-Noite”. Em 2002, recebeu o Grammy Latino de melhor álbum de MPB, com “Cambaio”. Em 2014, gravou um especial para comemorar os 70 anos da carreira.
Playboy — Setembro — 1980
Revelado no primeiro festival de música popular realizado no país, em 1965, com “Arrastão”, o compositor Edu Lobo nunca se desviou da sua marca autoral característica. A discrição e a sobriedade. Em seu sétimo disco — “Tempo Presente” —, ele confirma esses predicados. É igualmente caprichoso e severo melodista quando trata de um frevo (“Angu de Caroço”), uma cantiga de roda adaptada (“Dono do Lugar”), a instrumental “Balada de Outono” ou o samba de parceria autoral e vocal com Joyce, “Rei Morto Rei Posto”. Pela primeira vez em sua carreira, ele toca piano (“Tempo Presente”), embora todos reconheçam o intérprete, também discreto nos palcos, empunhando um violão. Enfim, esse Edu não difere muito dos festivais do passado. Continua fértil e talentoso.