a-grotendieck1Alexander Grothendieck

13/11/2014 — Alexander Grothendieck, um gênio da matemática famoso por suas posições pacifistas e ecologistas, morreu aos 86 anos. Ele faleceu no Hospital de Saint-Girons, na cordilheira que separa França e Espanha, onde vivia isolado desde 1990, de acordo com fontes ligadas ao pesquisador. Considerado por muitos dos seus colegas um dos matemáticos mais importantes do século XX, nasceu na cidade de Berlim, Alemanha, no dia 28 de março de 1928. Era filho de uma jornalista socialista e de um fotógrafo anarquista judeu russo que emigrou para a Alemanha após ser condenado primeiro pelo regime czarista e depois pelos comunistas.

a-grotendieck2Durante a Segunda Guerra Mundial, seu pai morreu no campo de concentração de Auschwitz, enquanto a mãe e o garoto foram enviados ao campo de concentração de Rieucros, nos Pirineus. Sobrevivente, começou a se interessar pela matemática e, sem um histórico escolar brilhante, formou-se e foi estudar em Montpellier, na França. Foi nessa cidade que um professor detectou no jovem algumas aptidões extraordinárias para a matemática. O mito sobre a sua genialidade não surgiu até que os matemáticos Laurent Schwartz e Jean Dieudonné entregassem a ele, que tinha então 20 anos, uma lista com catorze problemas e lhe pedirem para escolher um. Meses mais tarde, voltou a se encontrar com seus professores e entregou os catorze problemas resolvidos.

Nos meses posteriores, redigiu o equivalente a seis teses, trabalho que um aluno aplicado teria levado entre três e quatro anos. Nos anos seguintes, com o passaporte que a Organização das Nações Unidas dava aos refugiados sem pátria, já que se recusava a assumir a nacionalidade francesa, trabalhou, a partir de 1953, no Brasil, onde lecionou durante dois anos na Universidade de São Paulo, e nos Estados Unidos. Em seguida, passou a fazer suas pesquisas no Instituto de Altos Estudos Científicos de Paris. Foi nessa instituição que dirigiu um seminário de geometria algébrica que trouxe uma nova visão sobre a geometria inspirada em sua obsessão por repensar o espaço. Ele se destacou pela capacidade para generalizar e criar novos pontos de vista em sua área.

Premiado em 1966 com a Medalha Fields, conhecida como o “Oscar da Matemática”, decidiu não viajar a Moscou para receber o prêmio por motivos políticos. Ativista contrário à Guerra do Vietnã, protestava tanto contra a interferência da União Soviética quanto dos Estados Unidos no conflito. O prêmio acabou sendo recebido por um colega em seu nome. Ele depois leiloou o prêmio para financiar os vietcongues no conflito contra os americanos. Não foi o único prêmio que recusou. Ele dizia que seus trabalhos deveriam ser julgados pelo tempo e não pelos homens. Aos poucos, afastou-se da comunidade científica e se aproximou dos movimentos ecologistas radicais. Recusou seu posto no prestigiado Colégio da França para se transformar em professor da Universidade de Montpellier e, entre 1984 e 1988, trabalhou no Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França. Em 1990 se retirou para os MontesPirineus, em um local que era conhecido somente por poucos amigos e exigiu que seus escritos não publicados fossem destruídos.


 

 



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