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13/09/2020 — Está chegando às livrarias a obra “Crônica dos Índios Guayaki”, o primeiro livro do antropólogo francês Pierre Clastres, lançado originalmente em 1972. O texto traz o resultado da vivência  do autor de quase um ano junto à tribo dos Aché Gatu no Paraguai, misteriosos índios caçadores e nômades que habitavam as florestas a oeste do Rio Paraná. Esses índios desconheciam a agricultura, eram adversários dos Guaranis e, dizia-se, poderiam ser canibais. Da narrativa do nascimento de um bebê até a virtual morte da tribo, o livro é um estudo profundo e afetuoso da vida cotidiana, dos costumes e da visão de mundo daquele povo. Clastres foi discípulo do antropólogo belga Levi Straus.

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PIERRE CLASTRES nasceu no dia 17 de maio de 1934 na cidade de Paris, França. Morreu no dia 29 de julho de 1977 na cidade de Gabriac. Filósofo de formação, interessou-se pela antropologia por influência do Claude Lévi-Strauss e do Alfred Métraux. Foi diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris e membro do Laboratório de Antropologia Social do Colégio da França. Realizou pesquisas de campo na América do Sul entre os índios Guayakis, Guaranis e Yanomamis.

Publicou a “Crônica dos índios Guayaki” (1972), a “A sociedade Contra o Estado” (1974) e a “A Fala Sagrada — Mitos e Cantos Sagrados dos Índios Guaranis” (1974). A morte prematura, num acidente de carro em 1977, interrompeu a conclusão de textos que mais tarde seriam reunidos no livro “Arqueologia da Violência — Ensaios de Antropologia Política” (1980). Uma das principais contribuições do Clastres para a antropologia foi a crítica à visão, até então dominante, de que sociedades como as dos índios da América do Sul são mais “primitivas” ou “menos desenvolvidas culturalmente” do que sociedades mais hierárquicas, nas quais a presença do estado é mais evidente, como no caso das sociedades Maia, Inca e Asteca.

Ele procurou demonstrar a falsidade do pressuposto de que todas as sociedades evoluem necessariamente de um sistema “tribal”, “comunista” e “igualitário” para sistemas mais hierárquicos. As sociedades não-hierárquicas, segundo os estudos dele, possuem mecanismos culturais que impedem ativamente o aparecimento de figuras de comando, seja isolando os possíveis candidatos a chefe, como no caso dos pajés, seja destituindo-os do poder do mando, como no caso dos chefes que só têm poder para aconselhar. Sendo assim, essas sociedades não estariam evoluindo em direção à estatização. Ao contrário, configuram-se como verdadeiras sociedades “contra o estado”, pois a dinâmica cultural delas almejaria precisamente impedir a formação de uma classe de dirigentes e outra de dirigidos.


 

 

 



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