VICENTE DE CARVALHO nasceu no dia cinco de abril de 1866 e morreu no dia 22 de abril de 1924 na cidade de Santos no Estado de São Paulo. Filho do major Higino José Botelho de Carvalho e Augusta Carolina Bueno de Carvalho, aos oito anos escreveu os primeiros versos, deixando seus estudos três anos depois para se dedicar ao comércio. Mais tarde foi mandado para São Paulo para estudar no Seminário Episcopal. Decepcionado, abandonou o seminário e passou a estudar nos colégios Mamede e Norton.
Com dezesseis anos entrou para a Faculdade de Direito. Devido à precária situação financeira da sua família, trabalhou em Santos como guarda-livros, indo à capital somente para prestar exames. Formou-se com 21 anos incompletos, exercendo a seguir a advocacia. De convicções republicanas e abolicionistas, defendeu seus ideais nos jornais O Patriota, Ideias Novas e Jornal da Tarde, em Santos. Ajudou inúmeros escravos a fugirem para Jabaquara, quilombo que cantou em seus versos Fugindo do Cativeiro. Publicou, em 1885, seu primeiro livro de poesias — Ardentias — que o tornou famoso. Ao mesmo tempo, dedicou-se à política.
Foi enviado ao Congresso Republicano em São Paulo como candidato a deputado provincial em 1887 e assumiu a chefia da imprensa republicana. No ano seguinte escreveu Relicário, dedicado à sua noiva, e Marinhas. Integrou a comissão de redação da Constituição e foi eleito deputado ao Congresso Constituinte do Estado. Em 1892 integrou a Secretaria do Interior. Sua vida jornalística continuou intensa, fundando o Diário da Manhã, de Santos e, em 1905, O Jornal. Em 1909, publicou Poemas e Canções, obra de grande sucesso. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1911, para a cadeira 11, de Artur de Azevedo, mas não chegou a tomar posse. Tendo continuado brilhantemente a carreira, jurídica foi nomeado em 1914 desembargador do Tribunal de Justiça do Estado.
Sugestões
do Crepúsculo
Ao pôr do sol, pela tristeza
Da meia luz crepuscular,
Tem a toada de uma reza
A voz do mar.
Toda se abranda a vaga hirsuta,
Toda se humilha,
a murmurar...
Que pede ao céu
que não escuta
A voz do mar?
Escutem bem...
Quando entardece,
Na meia luz crepuscular
Tem a toada de uma prece
A voz tristíssima do mar...