Nem sempre uma imagem vale mais do que mil palavras. No caso do erotismo, muitas vezes as palavras superam a força de uma imagem. Na verdade, o simples som de determinadas palavras desencadeia uma série de imagens capazes de convulsionar todo o sistema nervoso de uma pessoa, levando automaticamente à excitação. Agora, imagine essas palavras dispostas em versos metrificados, com acuidade e artimanha por deuses da poesia, como Baudelaire, Rimbaud, Verlaine e muitos outros que não eram especificamente poetas. Esse é o caso do escritor inglês D. H. Lawrence, autor do “O Amante de Lady Chatterley”.
Há um livro desse tipo que deve ficar na cabeceira da cama. Trata-se do volume “Poesia Erótica Em Tradução” (Companhia das Letras), do José Paulo Paes, ele próprio um dos mais sensíveis poetas brasileiros. Ele organizou, selecionou e traduziu uma antologia de poemas eróticos, simplesmente afrodisíaca. De Marco Argentário, um grego libidinoso do século XXVII antes da Era Cristã, à Inglaterra do século XV, dos poetas romanos aos anônimos do folclore da Calábria, o livro brinda o leitor, no geral, com uma amostra abrangente da sensualidade poética, trazendo a poesia extraoficial de escritores jamais suspeitados pelo senso comum como grandes mestres do erotismo, a começar por Virgílio (publicado na Playboy de junho de 1990).
José Paulo Paes
Nasceu no dia 22 de julho de 1926, na cidade de Taquaritinga, São Paulo. Morreu no dia 9 de outubro de 1998, na cidade de São Paulo. Além de poeta e tradutor, era crítico literário e ensaísta. Antes de enveredar pela literatura trabalhou como químico. Em 1949, mudou-se para São Paulo, onde começou a colaborar nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. A partir de 1963, passou a dedicar todo o seu tempo à literatura, como diretor da Editora Cultrix. Juntamente com Massaud Moisés, organizou o “Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira”, publicado em 1967. Em 1981, aposentou-se como editor. Deixou traduzidas obras dos principais autores clássicos. Também deixou escritas várias obras de poesia. Ao morrer, em 1998, deixou inédito o livro “Socráticas”, publicado em 2001.