Álvares de Azevedo
MANUEL ANTÔNIO ÁLVARES DE AZEVEDO nasceu no dia 12 de setembro de 1831, na cidade de São Paulo. Morreu no dia 15 de abril de 1852, na cidade do Rio de Janeiro.
Em 1833, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro. De 1837 a 1845, estudou em colégios das cidades de Niterói e do Rio de Janeiro. Em 1847, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, mas não concluiu o curso. Foi colega de Bernardo Guimarães, Aureliano Less, José de Alencar e outros. Nesse ambiente literário, compôs a maior parte de sua obra: poesias, contos, peças teatrais e ensaios, estes sobre a escritora francesa George Sand e sobre o poeta e dramaturgo francês Louis Musset, além de críticas e tradução de obras do poeta inglês Lorde Byron.
A originalidade de seus trabalhos, uma das maiores manifestações do romantismo brasileiro, ajudou a abrir um novo caminho para a poesia pátria, até então excessivamente influenciada por autores portugueses. Sua poesia é marcada pelo subjetivismo, melancolia e um forte sarcasmo. Os temas mais comuns são o desejo de amor e a busca pela morte. O amor é sempre idealizado, povoado por virgens misteriosas, que nunca se transformam em realidade, causando assim a dor e a frustração, que são acalmadas pela presença da mãe e da irmã. Já a busca pela morte tem o significado de fuga, o eu-lírico sente-se impotente frente ao mundo que lhe é apresentado, e vê na morte a única maneira de libertação.
Participou ativamente de grupos literários, entre eles a Sociedade Epicureia. Escreveu o romance A Noite Na Taverna, publicado em 1878, e a pela de teatro Macário, editada em 1855. De acordo com os críticos, porém, a sua obra prima é Lira dos Vinte Anos, um conjunto do que há de melhor da sua produção. A obra, estruturalmente, divide-se em três partes com duas temáticas. A primeira e a terceira seguem os temas da adolescência: o sonho, a religiosidade, a obsessão pela forma feminina. A segunda, no entanto, traz o irônico, o “satânico”, o erótico e o carnal. Já com tuberculose, escreveu um de seus poemas mais famosos — Se Eu Morresse Amanhã — antes de morrer, aos vinte anos. Em 2000, o Almanaque Abril o colocou entre as quinhentas que mais influenciaram o pensamento nacional em todos os tempos.
Se Eu Morresse Amanhã
Seu eu morresse amanhã,
Viria ao menos fechar meus olhos minha triste irmã
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! Que céu azul!
Acorda natureza mais louca dove n´alva
Não batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia da glória, o dolorido afã
A dor no peito emudecerá ao menos
Se eu morresse amanhã!