WILLIAM HARVEY nasceu no dia 1.º de abril de 1578, na localidade de Folkestone, Inglaterra. Morreu no dia 03 de junho de 1657, na localidade de Hanpstead. Descendente da pequena nobreza, estudou, primeiro, em Canterbury e, depois, em Cambridge. Em 1660, com uma bolsa de estudos, foi para a Escola de Medicina de Pádua, na Itália, a mais famosa da época. Nela, teve orientação de Fabricius Hieronymus (1537-1619), que já notara a existência das válvulas venosas, embora não soubesse suas funções.
Diplomado em Medicina, voltou ao país natal, onde passou a exercer a profissão. Um sucesso rápido o levou à condição de membro do Colégio Real de Física e médico particular de alguns nobres. Em 1628, publicou sua mais importante obra: Exercício Anatômico do Coração e do Sangue em Animais, um tratado fundamental sobre circulação. Mas, durante a revolução puritana de Oliver Cromwell, em 1642, sua casa foi saqueada e seus preciosos manuscritos, queimados. Em 1651, publicou seu último trabalho Exercícios da Geração de Animais, com observações sobre embriologia e reprodução. Quando na faculdade recebeu o ensinamento segundo o qual as veias são dotadas de válvulas, quis saber a função delas.
Durante 25 anos, coordenou as descobertas já feitas na área e complementou com hipóteses o que não fora verificado. Já que as válvulas não se opõem à passagem do sangue venoso para os membros e, sim, para o coração, pareceu-lhe óbvio que o sangue percorre um círculo, passando do coração para as artérias, destas para os membros, voltando ao coração pelas veias. Foi o primeiro a estabelecer essa concepção de um fluxo contínuo que regressa ao ponto de partida. Observou também os movimentos do coração e do sangue em vários animais vivos e relatou aos colegas que isso não era um estudo anatômico, pois as estruturas já eram bastante conhecidas, mas um estudo fisiológico in vivo. Assim, chegou a definir o coração como uma bomba que funciona por contrações musculares.
Expôs, assim, os mecanismos circulatórios. Embora com erros quantitativos, a obra era revolucionária em seu todo. Estudava minuciosamente a circulação, faltando-lhe apenas definir os vasos capilares (ligação entre as artérias e as veias). Não os descobriu, mas previu sua existência. Suas pesquisas de embriologia foram prejudicadas pela falta de recursos técnicos, pois não possível investigar proveitosamente um embrião sem o uso de um microscópio. Nesse campo, ele teve o mérito de procurar desmistificar a teoria da geração espontânea (que só seria definitivamente refutada em fins do século XIX, depois de exaustivas pesquisas e polêmicas) e de, ao descrever o desenvolvimento de um embrião de galinha, afirmar que os pais contribuem de maneira igual para a formação de um novo ser.