John Constablejohn-constable in1 

Nasceu no dia 11 de junho de 1776, na localidade de Suffolk, Inglaterra. Morreu no dia 31 de março de 1837, na cidade de Londres. Até o século XVIII, a obra dos pintores britânicos estava ausente dos grandes castelos de seu próprio país. O gosto inglês estava voltado para a arte italiana. Tanto assim que a perfeita educação do gentleman incluía uma visita a Roma, Veneza e Florença. A pintura inglesa praticamente se limitava aos retratos e cenas históricas. Os primeiros atendiam à vaidade da elite, dotada de títulos de nobreza, e eram considerados uma arte requintada por excelência. O modelo em si, como tema pictórico autônomo, pouco interessava.

Além de exigir uma semelhança quase fotográfica, era imperativo que o retrato refletisse a situação social, a posição hierárquica ou outros símbolos de poder do retratado. A pintura histórica, por sua vez, prendia-se a surrados temas bíblicos e episódios da mitologia clássica, únicos que encontravam compradores. A paisagem era um gênero menor, meramente acessório dos demais. Uma campina verdejante servia, quando muito, de fundo para um retrato, desde que não fosse muito cuidada, pictoriamente. Foi outro, contudo, o clima em que se educou John Constable, um pintor que revolucionaria o próprio conceito de paisagem como tema autônomo de um quadro. Isso porque, em fins do século XVIII, a pintura inglesa sofreu profundas mudanças. Os nobres franceses, arruinados pela Revolução de 1789, começaram a vender coleções inteiras aos ingleses ricos.

A importação maciça de excelentes quadros (franceses, italianos, espanhóis, flamengos) resultou numa gradual ampliação e melhoria do gosto do público consumidor de arte. O pintor inglês tinha 26 anos quando um grupo de gentlemen, todos amantes da pintura — embora não houvesse nenhum artista entre eles — fundou a Real Academia de Arte. Pouco tempo depois, foi criada Instituição Britânica. A exibição de importantes coleções particulares permitiu aos pintores ingleses estudar grandes mestres do continente. E, pela primeira vez na história da pintura, a Inglaterra contribuiu com figuras de grandeza internacional, entre os quais Thomas Gainsborough, nos retratos, William Hogarth, na pintura satírica e de costumes, e William Turner e John Costable, na campo da paisagística.

Em 1837, um ataque cardíaco encerrou, sem muitos acontecimentos marcantes, a vida do pintor. Sobreviveu seu trabalho, a paisagem com gênero autônomo da pintura moderna, e uma lição que os impressionistas explorariam um quarto de século mais tarde: a espontaneidade, o lirismo sóbrio, a valorização da luz. Muito antes dos impressionistas franceses, o inglês descobriu, elogiou e praticou diariamente a pintura ao ar livre. Provou com crescente eloquência pictórica que a pintura não deveria se fechar num atelier e que a luz artificial não condiz com a natureza. Cada uma de suas paisagens é o retrato da natureza como ele a via, sentia e amava: sem falsificações, nem arranjos formais. Todas elas interpretam um momento, um clima.

john-constable arco1É o caso, por exemplo, de Paisagem com Dois Arco-Íris (1812). O quadro é a exploração de um lirismo autêntico. A minúcia com que o artista trata individualmente cada flor, cada reflexo de luz, cada folha das árvores frondosas, revela seu conhecimento da natureza. Sua quase obsessão pela luz ambiente o levou a dedicar uma série enorme de esboços, aquarelas e óleos a estudos de nuvens, anotando o dia, o mês, a hora, a direção do vento. Sua paleta forte se enfraquecia no retrato, contagiada pela pouca importância que ele dava aos ricos e nobres que queriam se ver em telas enormes e imponentes. O pintor tinha a intenção de declarada de “eternizar a beleza efêmera que a natureza desperdiça em maravilhosos espetáculos de colorido e luminosidade, hora após hora, dando-lhe uma sóbria e duradoura existência”.


 

 

 



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