O “A”
Letra inicial e primeira vogal do alfabeto português, bem como dos demais abecedários das línguas organizadas. No sistema fonético é vogal fundamental ou média, visto o lugar da formação do som. Do palato médio, no qual se forma este som primário, puro, à simples passagem do ar pelas cordas vocais, estando a boca aberta, a língua e os lábios sem articulação alguma, partem os sons anteriores e os posteriores. Nos sons anteriores (palatais), enquanto a língua se levanta em direção ao palato anterior, a boca se vai fechando horizontalmente, formando, sucessivamente, os sons é, e, ê, e e i. Nos sons posteriores (labiais), dá-se o oposto: à medida que a língua se eleva em direção ao véu palatino, os lábios se vão fechando e arredondando para a frente. Seguem-se os sons ó, o, ô e u.
O “A” no Brasil é sonorizado de três maneiras: (1) média aberta oral, como em “lá” e em “caso”; (2) média reduzida, como em “vela” e em “honra”; (3) média nasal, como em “mando” e em “lã”. Em Portugal usa-se um quarto som (fechado), o qual no Brasil não se emprega. Na Gramática, o “A” é a forma feminina do artigo masculino “O”. Também é a flexão feminina do pronome pessoal oblíquo “O”, referente à terceira pessoa. Como preposição, indica várias relações (movimento, extensão, matéria, qualidade, etc.), substitituindo, muitas vezes, outas preposições. Como conjunção coordenada, substitui o “E” em algumas locuções, quando está entre palavras repetidas. Como conjunção subordinada, é aplicado quando antecede o infinitivo verbal.
Quando de origem grega, exprime ideia de ausência, negação com o sendido de “sem” e “não”. Antes de palavras iniciadas por vogal, transforma-se em geral em “na”. Quando de origem vernacular indica tendência, aproximação e semelhança. É de amplo emprego. Quando de origem tupi-guarani entra na composição de algumas palavras com sentido de grão, semente, gente, vulto e cabela (anum, aipim, açu, aipiri, etc.). Como sufixo entra na composição de vários termos da língua indígena, exprimindo a ideia de procedência, origem e extração. Nas abreviaturas indica a abreviação de aceleração (mecânica), de are e arroba (matemática). Na meteorologia especifica a osclilação barométrica. Como sinônimo designava na Roma Antiga os dias do mercado.
Na álgebra é a primeira quantidade conhecida. Na astronomia é a principal estrela de uma constelação. Na alquimia é a pedra filosofal. Na bioquímica, é um dos compostos orgânicos atuantes no metabolismo, como em “vitamina A”. Na botânica é o símbolo do androceu (conjunto dos órgãos masculinos da flor) nas fórmulas florais. Na engenharia representa o antigo nível, geralmente de madeira, constituindo no seu formato. Na filosofia é a premissa maior no silogismo socrático: identidade absoluta. Na física é o símbolo do ampère, unidade usada para medir a intensidade da corrente elétrica. É também símbolo da unidade do angstom, com acento circular sobreposto. Na geometria indica o ponto, linha e o ângulo de uma figura. Na heráldica, é a quina superior direita dos escudos.
Na matemática é o número romano equivalente a 500 antes da adoção do “D” e o 5.000 antes da adoção do “V”, com com sopreposição de um traço horizontal. É também um número grego que valia “1” com acento superior e “1.000” com acento inferior. É numeral indicativo de primeiro. Deve estar sempre precedido de substantivo, como em “quadro A”, “estante A”, etc. Quando precedido de algarismo indica o primeiro objeto de uma série secundária, como em “livro 3-A”, “casa 13-A”, etc. Na meteorologia, é uma figura representativa de alta pressão. Na música é a primeira nota do antigo sistema hiperboleano. Na atualidade representa a nota “lá”. Na numismática é o símbolo da cidade de Paris. Na religião é uma abreviatura do Adonai ou Jeová. Na tipografia indica a primeira folha de um livro.
A Origem
O sinal gráfico “A” originou-se dum hieróglifo fenício. Esse povo o levou para o Oriente Médio, mais ou menos como a forma atual, embora em posição caída para a esquerda. O grego arcaico o usou em pé, denominando-o “alfa”, que não é outro senão o “álefe” fenício. Os romanos passaram a representar o “A” sem a haste horizontal, vindo a colocá-la posteriormente. Conclui-se assim que o “A”, na forma que se usa no Brasil, derivou-se diretamente do fenício, eliminando-se apenas o excesso de traços: duas hastes unidas em forma de triângulo isósceles, com o vértice na parte superior e cortadas ao meio por uma haste horizontal. Quanto ao “a” (minúsculo), atribui-se o uso aos carolíngios. Atualmente, o sinal é representado gráfica ou caligraficamente de diversas maneiras, seguindo-se as diversas escolas remanescentes.