Já está nas livrarias, lançamento da Editora 34, o famoso livro Memórias de Um Caçador, do russo Ivan Turgêniev. A obra foi traduzida diretamente do original por Irineu Franco Perpetuo, o que a coloca num patamar acima das edições lançadas nas décadas de 1940 e 1950, cujas traduções vieram do francês. O protagonista (que os críticos reconhecem como o próprio autor), apaixonado pela caça, vai tecendo seus encontros com os tipos mais característicos dos camponeses, dos servos e dos senhores da pequena nobreza russa. A obra causou furor quando foi lançado em 1852 e serviu, segundos historiadores, como ponto de partida para a abolição da servidão na Rússia. O livro tem 488 páginas e preço sugerido de R$ 59,00.
IVAN SERGEIEVITCH TURGUENIEV nasceu no dia 9 de novembro de 1818, na localidade de Orel, Rússia. Morreu no dia 3de setembro de 1883, na cidade de Paris, França.
Pertencia a uma família de origem tártara, proprietária de terras na Rússia Central. Sua formação foi influenciada pela mãe, mulher despótica, cuja arbitrariedade contra os empregados lhe provocou profundo ódio à servidão e às condições de vida dos camponeses. Seu primeiro aprendizado foi confiado a um servo letrado. Posteriormente, enviaram-no a dois internatos (1827-1829). Cursou as universidade de Moscou (1833) e de São Petersburgo (1834-1837), onde tomou contato com a filosofia e as ideias políticas e sociais da época.
Sua primeira obra — Steno (1834) — é um melodrama romântico, inspirado no poeta inglês Lorde Byron. Por essa época, fez traduções de William Shakespeare e publicou seus primeiros versos num periódico. Em 1838, partiu para Berlim (Alemanha), em cuja universidade estudou literatura clássica e filosofia alemã. No regresso à Rússia, em 1841, iniciou um frustrado romance com a irmã do anarquista Mikhail Bakunin. No ano seguinte, teve uma filha com a costureira de sua mãe. Desistiu nessa época da carreira universitária, abandonando sua tese de mestrado e ingressando no Ministério do Interior.
O sucesso de seu poema narrativo Parascha, de 1843, o levou a trocar o funcionalismo público pela literatura. Apaixonou-se por Pauline Garcia (Madame Viardot), uma cantora de ópera que aceitou o seu amor, sem abandonar a carreira nem o marido e empresário. Essa paixão o escravizou durante quarenta anos, em que breves períodos de felicidade eram sucedidos por anos de humilhação. Essa circunstância marcou profundamente a sua obra. Em 1845, seguiu a amante à Europa, onde frequentou os círculos artísticos e literários, tornando-se intérprete da literatura russa e o primeiro escritor russo a adquirir reputação internacional.
Retornou à Rússia com a morte de sua mãe, em 1850, herdando extensas propriedades. Dois anos depois, publicou, apesar da censura, o obituário de Nicolai Gogol, o que lhe valeu um mês de prisão em São Petersburgo, seguido de um ano e meio de confinamento em sua propriedade em Spasskoe. A partir de 1856, viveu principalmente na Alemanha e na França, voltando à Rússia apenas por curtos períodos. Dentre as suas principais obras, destacam-se os poemas Conversa (1845) e O Escudeiro (1846); as novelas Rudin (1856), Um Ninho de Aristocratas (1859), As Vésperas (1860) e Fumaça (1867) e os dramas Negligência (1843), Pobreza (1846), Onde É Fino, Rasga-se (1848) e Um Mês No Campo (1850). Este último é considerado um clássico do teatro mundial. Além disso, escreveu 22 contos.