FRANÇOIS-MARIE AROUET nasceu no dia 21 de novembro de 1694 e morreu no dia 30 de maio de 1778, na cidade de Paris, França.
Tendo perdido a mãe aos sete anos, já manifestava grande rebeldia contra a autoridade familiar. Ligou-se a seu padrinho — o abade de Châteauneuf — e por ele foi introduzido nos círculos literários de Paris. Ao completar o curso colegial, tornou-se pajem do Marquês de Châteauneuf numa missão diplomática na Holanda. De retorno à capital francesa, submeteu num concurso uma ode composta em homenagem ao rei Luís XIII. Derrotado, não hesitou em compor uma sátira contra o rival, o que causou grande tumulto, obrigando-a a abandonar a cidade.
Em 1715, seu pseudônimo literário — Voltaire — ocupava lugar de destaque entre os poetas satíricos e galantes dos salões. Foi quando escreveu o poema Henríada (sobre Henrique IV) e a peça Édipo. Dois anos mais tarde, perseguido por ter escrito sátiras contra o Duque de Órleans (regente do reino), teve sua primeira estada numa cela da Bastilha. A corte, sensibilizada com Henríada, inclinou-se no sentido de elegê-lo poeta favorito, mas a essa altura ele já era um filósofo militante, zombador da Bíblia, dos apóstolos e dos padres. Um novo incidente, desta vez com o Duque de Rohan-Chabot, levou-o mais uma vez à prisão. Foi logo libertado, com a condição de embarcar para Londres, Inglaterra.
Chegou à capital inglesa em 1726 e encontrou um ambiente propício à formação intelectual. Pôde conviver com escritores como Edward Young, Alexander Pope e Jonathan Swift e com filósofos como George Berkeley e Samuel Clark. As experiências vividas durante três anos, num clima de tolerância religiosa e relativa igualdade política entre nobres e burgueses, faria dele um dos principais propagandistas do liberalismo inglês. Retornando à França em 1729, escreveu e encenou duas peças — Brutus, em 1731, e Zaire, em 1732. Marcou também sua estreia como prosador com a História de Carlos XII (1731), obtendo grande sucesso. Em 1734, publicou Cartas Filosóficas, na qual reportou a sua estada na Inglaterra, o que muito abalou as classes dominantes francesas.
Ante a ameaça de volta à prisão, procurou refúgio no castelo de sua companheira — a Marquesa de Châtelet. Estimulado por ela, dedicou-se, nos quinze anos que se seguiram, ao estudo da física e da filosofia de Isaac Newton. Enquanto escrevia outras obras, foi restabelecendo seus contatos em Paris. Protegido de Madame Pompadour (favorita do rei), foi nomeado historiógrafo real e eleito, em 1746, para a Academia Francesa. Com a morte da companheira, em 1749, aceitou os convites de Frederico II da Prússia e se transferiu para Potsdam. Em 1752, envolveu-se numa nova polêmica, desta vez com o poderoso presidente da Academia de Berlim. Teve, então, de abandonar a Prússia. Proibido de entrar em Paris, permaneceu durante um ano em Colmar até conseguir asilo em Genebra, Suíça, onde completou suas maiores obras históricas: O Século de Luíz XIV e Ensaio Sobre os Costumes e O Espírito das Nações.
Retornando às suas atividades filosóficas, começou a colaborar na Enciclopédia. Mas não foi muito além. Ao elaborar um verbete sobre Genebra — no qual afirmava que os pastores da cidade eram simples deístas — levantou nova agitação intelectual, indispondo-se com Jean-Jacques Rousseau. Abandonando a capital suíça, retirou-se para Ferney, onde permaneceria até a morte, cuidando de sua propriedade rural e escrevendo com bastante regularidade. Suas ideias de combate às injustiças e ao fanatismo clerical continuaram sendo defendidas ao lado de um liberalismo intransigente. Assim foi nas obras Tratado Sobre a Tolerância (1763) e Dicionário Filosófico (1764). Com os mesmos objetivos, escreveu as novelas satíricas Cândido ou O Otimismo (1759), O Ingênuo (1767) e O Homem de Quarenta Escudos (1767).