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ALFRED DREYFUS nasceu no dia nove de outubro de 1859 na cidade de Mulhouse, Região do Grande Leste, França. Morreu no dia 12 de julho de 1935 na cidade de Paris. De família judia alsaciana, era capitão de artilharia quando foi descoberta em 1894 uma nota endereçada ao adido militar alemão em Paris. Na nota, um oficial francês prometia fornecer diversos segredos militares. Comprometido pela semelhança entre a letra dele e a da nota, foi preso no dia 15 de outubro daquele ano. Julgado por um conselho de guerra no dia 22 de dezembro do mesmo ano.

Condenado à deportação perpétua num recinto fortificado, foi enviado à Ilha do Diabo na Guiana Francesa na América do Sul. O Dreyfus, entretanto, não cansou de protestar a inocência. Para obter a revisão do processo, a família angariou o apoio do jornalista Bernard Lazare. Descobriu-se então uma correspondência entre o adido militar alemão e um outro oficial-comandante do exército francês, cuja letra também parecia com a da nota anterior. O comandante foi julgado e absolvido em 1898. Mas o “Caso Dreyfus” entrou para a fase política. O Estado-Maior do Exército defendia que o veredicto de 1894 não fora posto em dúvida. Entretanto, a França dividiu-se em dois campos que iriam se opor com extrema violência durante mais de dez anos.

De um lado, os partidários da revisão da pena, idealistas convencidos da inocência do Dreyfus, republicanos, socialistas e grande número de universitários que viam no caso uma chance para derrubar os militares. Do outro lado, os anti-semitas, nacionalistas, preocupados antes de mais nada com uma revanche contra a Alemanha, se opunham à revisão sob o argumento da “razão do estado”. Nesse grupo ainda estavam os católicos, que viam nos judeus os inspiradores do anticlericarismo da Terceira República. A descoberta da falsificação fabricada contra o Dreyfus em julho de 1898 bastou para que o governo não seguisse mais contrário à revisão do processo. Um novo conselho de guerra, entretanto, declarou novamente a culpabilidade do Dreyfus, condenando-o não mais à deportação, mas a uma pena de dez anos.

Dez dias depois, o militar conseguiu o perdão judicial. O caso, porém, só foi encerrado em 1906 quando a corte de cassações anulou o julgamento do segundo conselho de guerra. Assim, o Dreyfus reintegrou-se ao exército com o posto de chefe de esquadrão. O caso teve consequências políticas consideráveis. A revisão do processo tomou a forma de uma vitória republicana sobre a reação militarista e clerical. Precipitou a volta da república militante, a criação do bloco republicano ou bloco das esquerdas no parlamento. O triunfo dessa revolução veio com as eleições de 1902, com a separação entre o estado e a igreja, comprometida pelo apoio que oferecera ao exército. Embora o Dreyfus tenha sido reparado, não se sabe ainda com certeza o nome do autor do crime injustamente atribuído a ele. O “Caso Dreyfus” foi diversas vezes retratado no cinema.


 

 

 



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