GUILHERME IX DA AQUITÂNIA nasceu no dia 22 de outubro de 1071 e morreu no dia 10 de fevereiro de 1126, na cidade de Poitiers, França. Nono duque da Aquitânia e sétimo conde de Poitou, era, em 1086, um dos maiores senhores feudais do seu país. Governava um território bem mais importante do que os dos reis capetíngios. Sua família era religiosa, mas gostava da abundância e dos prazeres. Ele, pessoalmente, se afastou da igreja, o que escandalizou a mentalidade medieval. O papa Urbano II conseguiu engajar a nobreza da França nas cruzadas, mas percorreu em vão os territórios do duque pregando pela santa expedição.
Em vez de participar, aproveitou a partida de um dos duques fronteiriços (Raymond de Saint-Gilles) para invadir as terras do vizinho. Em 1101, partiu com uma grande armada para o Oriente, não por entusiasmo religioso, mas pelas histórias que ouvia sobre as riquezas daquela parte do mundo. A expedição, porém, foi um fracasso. Seu exército foi dizimado pelos sarracenos. Ele mal pôde chegar a Antióquia, na Turquia, com alguns soldados. Tomou parte do cerco da cidade de Tortose e foi recebido pelo rei Balduíno em 1102. A perda de seus fieis companheiros na Batalha de Ramla e a sua inútil participação no cerco de Ascalon acabaram com a sede de aventuras. Voltou à sua pátria e durante anos lutou com os seus vassalos.
Conseguiu submetê-los, mas perdeu o território de Tollouse. Em 1120, com seiscentos cavaleiros, ajudou o rei de Aragão na luta contra os mouros em Granada. Além de político e guerreiro, foi também o primeiro poeta em língua provençal. Nas onze canções conservadas, há uma passagem que expressa o amor em termos puramente sensuais, herança da antiguidade pagã para a Idade Média: a exaltação entusiasmada da mulher, símbolo de uma beleza quase divina. Essa poesia quase obscena se explica por ele pertencer a uma sociedade laica, emancipada da tutela da igreja. Nas canções que escreveu, as mulheres são representadas como comprometidas muito mais pelo sacramento que as unia ao marido do que pela castidade. Além de serem típicas da época, as canções são de um modernismo surpreendente pela demonstração de espontaneidade e linguagem poética.