Joelmir Beting
Quatro dias depois de sofrer um Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico (AVE), o jornalista Joelmir Beting morreu no início da madrugada desta quinta-feira (29/11/2012), aos 75 anos, em São Paulo. Ele faleceu à 0h55. Ele estava em coma irreversível, segundo boletim médico divulgado pelo Hospital Albert Einstein, onde estava internado desde 22 de outubro para tratar de uma doença autoimune (uma falha no sistema imunológico que leva as células de defesa a atacarem o próprio organismo). Ele sofreu o acidente vascular já internado no hospital e estava sedado, respirando com o auxílio de aparelhos e fazendo diálise. Após pouco mais de um mês de internação, apresentou melhora, mas, antes de receber alta, seu estado complicou.
Joelmir Betting nasceu em 21 de dezembro de 1936 em Tambaú (SP), a 260 quilômetros da capital paulista. Trabalhou na fazenda da família até se mudar para São Paulo em 1955, para estudar sociologia. Sobre a infância e a chegada do interior, escreveu em um perfil publicado em seu site oficial: “Fui bóia-fria aos sete anos de idade. Desembarquei em São Paulo com a roupa do corpo”. Ainda na época da faculdade, em 1957, na Universidade de São Paulo (USP), começou a trabalhar como jornalista, inicialmente na área esportiva. Suas primeiras experiências profissionais foram nos jornais O Esporte e Diário Popular. No rádio, ensaiou os primeiros comentários na Panamericana, que viria, mais tarde, a se tornar a Jovem Pan.
Sua carreira de mais de 50 anos, porém, foi dedicada principalmente ao jornalismo econômico, que procurava traduzir para o público usando uma linguagem coloquial e bem humorada. Em 1968, se tornou editor de economia da Folha de S. Paulo, jornal em que começou a publicar uma coluna reproduzida por dezenas de veículos de comunicação do país. Em 1991, mudou-se para O Estado de S. Paulo. Autor de dois livros — Na Prática a Teoria é Outra (1973) e Os Juros Subversivos (1985) — escreveu ainda dezenas de ensaios para revistas e recordava sobretudo de um considerado “muito especial”, que fala sobre os efeitos da inflação no Brasil: Os Párias do Quatrilhão, publicado pela revista VEJA no Natal de 1996.
O jornalista teve ainda passagens pelas rádios Gazeta e CBN. Na televisão, passou pela Rede Bandeirantes, onde em 1982 foi o mediador do primeiro debate eleitoral da história da TV brasileira. Também trabalhou na Rede Record, Gazeta e Rede Globo. Nesta última, ficou 18 anos, incluindo o canal a cabo Globonews. Em 2004, voltou para a Rede Bandeirantes. Desde então, mantinha colunas no rádio e era comentarista dos telejornais da emissora. Palmeirense e apaixonado por futebol, teve a ideia de homenagear Pelé com uma placa por um gol antológico, marcado contra o Fluminense Futebol Clube, em 1961, no Estádio do Maracanã. Daí nasceu a expressão “gol de placa”, sobre a qual dizia: “Não sou o autor da expressão 'gol de placa'. Sou autor da placa que originou a expressão 'gol de placa'".