Domínio
01/01/2024 — A partir desta data, qualquer editora poderá publicar livremente as obras “Vidas Secas”, “Angústia” e “São Bernardo” e outros livros do Graciliano Ramos. A legislação brasileira estabelece que a obra de um autor entra em domínio público no dia primeiro de janeiro seguinte após a morte do autor completar setenta anos. Até agora, os direitos do alagoano eram divididos em cinco partes, entre filhos, irmãos e netos. As editoras Todavia e Companhia das Letras anunciaram o lançamento de coleções dedicadas ao Graciliano Ramos. A Editora Record prepara o lançamento de uma edição de bolso do romance “Vidas Secas”. O escritor nasceu no dia 27 de outubro de 1872 e morreu no dia 20 de março de 1953.
Graciliano
GRACILIANO RAMOS DE OLIVEIRA nasceu no dia 27 de outubro de 1892 na cidade de Quebrângulo no Estado do Alagoas. Morreu no dia 20 de março de 1953 na cidade do Rio de Janeiro. Era o primogênito de quinze irmãos. Depois de concluir os estudos secundários trabalhou como jornalista e comerciante. Em 1928 foi eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, no seu estado, mas renunciou ao mandato dois anos depois. Escreveu na época um célebre relatório de gestão ao governador do estado. Mudou-se então para Maceió, onde exerceu os cargos de diretor da Imprensa Oficial do Estado e da Instrução Pública de Alagoas.
Em 1933 lançou o primeiro romance, o “Caetés”. Em 1934 publicou uma das suas obras primas, o romance “São Bernardo”. Acusado de subversão comunista em 1936, ficou preso onze meses no Rio de Janeiro. Cumopriu parte da pena no extinto Presídio da Ilha Grande. Ele narra essa experiência no livro “Mémórias do Cárcere” (1955). Após ser libertado, continuou a viver e a trabalhar no Rio de Janeiro como jornalista e inspetor de ensino. Na década de 1940, já consagrado como um dos maiores romancistas brasileiros, filiou-se ao Partido Comunista. Em 1952 viajou à União Soviética e a outros países do leste europeu. Descreveu a aventura no livro “Viagem”, obra publicada postumamente.
Com linguagem precisa e preocupação socia, obra do Graciliano é um exemplo de abordagem da literatura como meio de conhecimento e mudança da realidade, típica da segunda geração nordestina. Entre as suas obras, destacam-se ainda “Angústia” (1936). O livro foi publicado originariamente em 1936, quando o escritor esteve preso por conta da arbitrária repressão getulista ao levante comunista de outubro de 1935. Tem a estrutura de autobiografia. Narrado em primeira pessoa, o livro acompanha a rotina do Luís da Silva, funcionário público rancoroso que, por conta disso, torna a escrita nebulosa e delirante. Suas obras foram vastamente adaptadas para o cinema e para a televisão, com destaque para o filme “Memórias do Cárcere” de 1984 com o ator Carlos Vereza.