Henrique IV
HENRIQUE IV DE BOURBON nasceu no dia 13 de dezembro de 1553, na localidade de Pau (Pirineus Atlânticos), França. Morreu no dia 14 de maio de 1610, na cidade de Paris.
Rei da França e de Navarra, fundador da Dinastia dos Bourbons. Filho de Antoine de Bourbon e de Jeanne d´Albret, rainha de Navarra, recebeu de sua mãe uma educação calvinista. A partir de 1569, tornou-se chefe do partido dos huguenotes. Após a paz de Saint Germain (1570), em sinal de reconciliação entre católicos e huguenotes, foi decidido o seu casamento com a irmã do rei francês Carlos IX, Margarida de Valois. Essa união, que desagradou aos extremistas de ambos os lados, foi celebrada em Paris, em 1572, uma semana antes do Massacre de São Bartolomeu.
Ele só salvou a vida abjurando o protestantismo, mas por três anos foi mantido quase cativo na corte da França. Em fevereiro de 1576, conseguiu despistar a vigilância da qual era objeto, renunciou ao catolicismo que lhe haviam imposto e encabeçou o exército protestante. Guerreou por muitos anos e, em 1580, tomou a localidade de Cahors. A morte do duque de Alençon, último irmão de Henrique III (1584), fez com que ele se tornasse herdeiro do trono. Isso deu novo vigor aos ódios religiosos, pois os católicos não queriam ter como rei um protestante. Ele, porém, gozava da simpatia do Henrique III, que o considerava seu herdeiro legítimo e se inquietava com a crescente audácia da família Guise, líder da Santa Liga Católica.
Por isso, mandou assassinar os membros daquela família. Assim, o rei se ligou definitivamente a ele. Ambos assediaram Paris, que estava nas mãos da Santa Liga. Em 1586, Henrique III foi assassinado e o rei de Navarra tornou-se o rei da França, com o nome de Henrique IV. Na realidade, era somente rei dos huguenotes e sua situação parecia desesperadora. O rei da Espanha, Filipe II, reclamou o trono para a sua filha Isabel, neta, pelo lado materno, de Henrique II. A Santa Liga apresentou o cardeal de Bourbon como candidato à direção do reino e Mayenne, irmão dos Guises, como seu ajudante de ordens. Vencedor de Mayenne em Arques (1589) e em Ivry (1590), não pôde, porém, retomar Paris, nem Ruão, que foram socorridas pelos exércitos espanhóis de Alexandre Farnese. Compreendeu, assim, que sua religião era o único obstáculo entre ele e o poder.
Assim, abjurou solenemente o calvinismo na Basílica de Saint-Denis em 25 de julho de 1593. Fez-se sagrar em Chartres em 25 de fevereiro de 1594 e viu a capital francesa lhe abrir as portas no mês seguinte. A luta com Mayenne terminou após sua (dele) derrota em Fontaine-Françoise, na Borgonha, em 1595. E, com o Tratado de Vervins (maio de 1598), que confirmava o Tratado de Cateau-Cambrésis, fez-se a paz com a Espanha. O rei não procurou se vingar, nem procedeu a nenhuma depuração. A lassidão dos franceses, após trinta anos de guerras civis, lhe deixou grande liberdade de ação. A pacificação religiosa foi assegurada pelo Édito de Nantes (abril de 1598), que reconhecia o catolicismo como religião do estado, mas dava privilégios consideráveis aos protestantes. Seu reino foi marcado por uma restauração do absolutismo, preparado pelas teorias de Jean Bodin
. Num país que ele encontrara em plena anarquia, não hesitou em usar medidas duríssimas quando necessárias. Para fazer com que o funcionalismo se ligasse a ele, tornou os cargos hereditários pelo Édito de la Paulette. Ajudado pelo duque de Sully, em poucos anos cumpriu uma surpreendente obra de reerguimento financeiro e econômico. Manteve uma política externa pacifista. Foi assassinado em maio de 1610 por François Ravaillac, professor e depois irmão converso num convento de Feuillants. Depois de se confessar, o assassino seguiu a carruagem real, que ia para o Arsenal pela Rua de la Ferronerie. Aproveitou-se da confusão causada por uma carroça de feno para golpear com duas facadas o lado do corpo do soberano, que morreu sem dar um grito, segundo os registros históricos. Sucedeu-lhe no trono o filho Luís XIII.