12/02/2017 — Considerado um dos grandes prosadores em língua portuguesa e uma das figuras mais importantes do pensamento luso-brasileiro do século XVII, o Padre António Vieira tem sua obra completa publicada no Brasil. Cartas, sermões e escritos sobre política e judeus estão reunidos na coleção “Obra Completa Padre António Vieira” (Edições Loyola, 13.450 páginas, R$ 2,5 mil). A coleção chega ao país em trinta volumes, após trabalho meticuloso de organização do material por uma equipe da curadoria da Universidade de Coimbra. Essa equipe contou com especialistas em literatura, filologia clássica, linguística, história, paleografia, filosofia, teologia e direito. A coleção é dividida em quatro tomos: cartas, sermões, processos e escritos.
ANTÔNIO VIEIRA nasceu no dia 6 de fevereiro de 1608, na cidade de Lisboa, Portugal. Morreu no dia 18 de julho de 1697, na cidade de Salvador, Bahia. As sete anos, esteve no Brasil, onde começou os estudos com os padres jesuítas. Em 1623, foi recebido no noviciado dessa ordem e, 1634, se tornou presbítero. Em 1641, foi render homenagens ao novo rei — Dom João IV — como acompanhante do filho do vice-rei do Brasil, Marquês de Montalvão. No ano seguinte, pregou o sermão do Ano Novo na Capela Real. Daí até 1650 ocupou-se também com os negócios do estado português. Depois disso decidiu retornar ao trabalho missionário.
Em fins de 1952, chegou a São Luís do Maranhão. Voltou algumas vezes a Portugal para solucionar problemas dos colonos. Com a morte de Dom João IV, esses problemas se intensificaram, culminando com a expulsão dos jesuítas do Maranhão e do Pará por causa da sua obstinada defesa dos escravos. Em janeiro de 1662, ao fazer o “Sermão da Epifania”, na Capela Real, rebateu as acusações feitas contra ele e seus colegas missionários. Com o rei Dom Afonso sob a pressão dos inquisidores do Santo Ofício, esteve preso e foi privado do seu ministério, após rápido julgamento que redundou em condenação. Em 1668, essa proibição foi suspensa.
Partiu, então, para Roma, Itália, de onde voltou em 1675, com uma declaração do papa, a qual o livrava da inquisição portuguesa. Em 1681, retornou ao Brasil. Passou a se dedicar às orações e à composição de sermões, que foram publicados entre 1679 e 1699. Os principais deles são: “Sermão da Sexagésima, uma teorização sobre a arte de pregar; “Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes”, no qual defende os índios e ataca a exploração dos colonos que impediam a ação colonizadora dos padres; “Sermão Pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as da Holanda”; e “Sermão do Mandato”, em que discorre sobre o amor de Deus. Escreveu ainda “Cartas” e as obras proféticas “Esperanças de Portugal” e “História do Futuro”. Seus escritos constituem fonte para estudos históricos sobre o Brasil do século XVII. Foi o mais influente e popular orador do país.