Conselheiro

ANTÔNIO VICENTE MENDES MACIEL nasceu no dia treze de março de 1830, na cidade de Quixeramobim, Estado do Ceará. Morreu no dia 22 de setembro, na cidade de Canudos, Bahia. Na juventude, dividiu-se entre o trabalho no armazém da família e o cartório, local em que se preparava para a carreira de advogado. Mas a fuga da sua mulher com outro homem mudou-lhe a vida. Entre 1850 e 1870, percorreu o sertão, período em que trabalhou na reconstrução de igrejas e cemitérios. Nesse trabalho, ouvia as pessoas e pregava o evangelho.

Logo, pelos discursos inflamados, entrou em choque com as autoridades da cidade de Bom Conselho, em Pernambuco. Reclamava da cobrança de impostos municipais e destruía os editais que a anunciavam. Também criticava a República, atribuindo ao novo regime a piora de vida dos pobres. Proibido pela igreja de seguir na sua pregação religiosa e perseguido pela polícia, embrenhou-se no sertão nordestino. Milhares de sertanejos o seguiram até o norte da Bahia, onde se fixou no Arraial do Belo Montes, próximo à cidade de Canudos. Com quase trinta mil habitantes, a comunidade prosperou e começou a inquietar os fazendeiros e a igreja.

Instalou-se, então, em 1896, o conflito a que se deu o nome de Guerra de Canudos, que se estendeu por quase um ano. Morreu em combate quando o local foi destruído por cerca de seis mil homens do Exército. A destruição é narrada no livro “Os Sertões”, do Euclides da Cunha. A história também foi transposta para o cinema, com o José Wilker no papel do Antônio Conselheiro. Com o passar do tempo, a casa do religioso em Quixeramobim tornou-se palco de contos de assombração. Na cultura popular, acredita-se que o imóvel abriga espíritos e que existem tesouros enterrados em vasos de barro. Essas histórias passaram a fazer parte do folclore local. A imagem do Conselheiro, tomado como “louco” durante muito tempo pelas classes dominantes, foi restaurada em 2019 com a inclusão do nome dele no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.