Nero
NERO CLÁUDIO LUCIO DOMITIUS (Nerus Claudius Lucius Domitius) nasceu no dia 15 de dezembro de 37, na cidade Antium, então província romana. Morreu no dia 9 de junho de 68, na cidade de Roma. Era filho de um patrício — Cneu Domício Aenobardo — e descendia do imperador Otávio Augusto por parte da mãe Agripina, alcunhada de “a jovem”. Após a morte do pai, ele e a mãe foram exilados pelo imperador Calígula, mas regressaram a Roma durante o governo do imperador Cláudio, com quem a mãe se casou.
Ela procurou garantir ao filho acesso rápido ao poder, pois contava governar em seu nome, sabendo-o um espírito fraco e sugestionável. Assim, levou o imperador a adotá-lo no ano 50, preterindo o herdeiro legítimo — Britânico.A mãe ainda o fez casar com Otávia, filha do imperador, em 53, envenenou o marido em 54 e, afinal, levou a Guarda Pretoriana a aclamar o filho aos 17 anos de idade. Seus primeiros tempos de reinado foram profícuos, graças aos conselhos que recebia de Lúcio Sêneca — um dos mais famosos intelectuais romanos e seu antigo preceptor — e de Sexto Afrânio Burro, prefeito do pretório. Vendo-se alijada, a mãe se aliou a Britânico, a quem logo o imperador mandou assassinar. A seguir, em 59, assassinou a própria mãe, repudiou a mulher Otávia e, após se casar com Popeia Sabina.
Também mandou assassinar a ex-esposa (62). Com a morte do Burro e o afastamento de Sêneca, entregou-se por completo a uma vida de insensatez e despotismo: orgias, matanças humanas no circo romano, intrigas e assassínios palacianos e senatoriais. Tendo responsabilizado os cristãos pelo incêndio que destruiu grande parte de Roma, moveu contra eles a primeira perseguição. A situação em Roma e no Império se agravava dia a dia, levando a uma conspiração no senado, implacavelmente reprimida com assassínios e condenações à morte. Dava faustosos espetáculos no circo, onde aparecia como cantor e ator. Chegou a ir à Grécia buscar a consagração artística de que julgava merecedor. A revolta dos generais que governavam as províncias o forçou a fugir e a se fazer matar por um dos seus áulicos em 68.
Política
administrativa
No começo do seu mandato, em 54, prometeu ao senado mais autonomia. Proibiu durante o primeiro ano no poder referências a ele nos decretos públicos, o que foi bem acolhido entre os senadores. Durante esta época, era conhecido em Roma por esbanjar o dinheiro e por frequentar prostíbulos e tabernas. Em 55, começou a desempenhar um papel mais ativo como administrador. Foi cônsul em quatro ocasiões entre 55 e 60. Durante esta etapa, os historiadores falam bastante bem da sua administração, em contraste com os posteriores relatos. Pôs restrições ao preço das fianças e às multas e limitou os honorários dos advogados. As suas ações eram encaminhadas para melhorar a situação econômica dos pobres. Quando estes clamaram que eram endividados demais, tratou de derrogar todos os impostos indiretos.
Contudo, o senado o convenceu de que esta medida seria extrema demais e, como solução intermediária, estipulou que os impostos fossem reduzidos de 4,5% a 2,5%. Além disso, os registros tributários passaram a ser do domínio público e, com o objetivo de reduzir o custo dos alimentos, estabeleceu que os barcos mercantes ficassem isentos de pagar tributos. Como amante das artes e do prazer, construiu uma série de ginásios e teatros nos quais eram celebradas atuações ao estilo grego. Também se celebraram muitos combates de gladiadores. O imperador estabeleceu os Quinquenales Neronia, uns esplêndidos jogos nos quais se celebravam como novidade interpretações de poesia e teatro. Contudo, o teatro não era bem visto em Roma, pois era considerado imoral e característico das classes baixas e começou-se a questionar a carga suportada pelo erário público para a celebração destes jogos.
Em 63, chegaram as primeiras crises econômicas. A guerra contra a Pártia e a dificuldade do transporte de grão ameaçaram com o aumento dos preços dos alimentos. Para fazer face às dificuldades econômicas, fez uma doação ao tesouro e destinou uma parte para pagar a importação de grãos. Posteriormente decidiu assinar a paz com os seus inimigos partos. Em 64, um novo desastre assolou o império quando a própria cidade de Roma se viu envolvida em chamas. Após o devastador incêndio, destinou todo o dinheiro possível à reconstrução da cidade e para isso teve de tributar fortemente os ricos cidadãos das províncias. Durante o seu reinado, uma série de importantes projetos de construção foram efetuados. Para previr o paludismo (doença infecciosa), recolheu os entulhos do incêndio. Além disso, também erigiu a Domus Aurea e tratou de escavar um canal navegável através do Istmo de Corinto. Todos estes e outros projetos esvaziaram praticamente o caixa do tesouro.