marcoaurelio in1Do Livro I

DIAGOMETO, FILÓSOFO ESTÓICO

“De Diagometo, quero o descaso das futilidades; o não crer no que dizem os milagreiros e charlatães sobre encantamentos, expulsão de demônios e quejandas imposturas; o não criar codornizes nem me entregar a paixões dessa espécie; o suportar franquezas; o familiarizar-me com a Filosofia e ouvir as lições, primeiramente, de Báquio, depois, de Tândasis e Marciano; o ter escrito diálogos na infância; o ter desejado o catre, o pelego e todas as outras simplicidades da educação helênica”.

RÚSTICO, FILÓSOFO FRÍGIO

“De
Rústico, quero a compreensão de que devia corrigir e cultivar o meu caráter; o não me entregar à paixão da sofística, nem compor tratados teóricos, redigir arengas de exortação ou exibir-me, para suscitar admirações, como pessoa operosa e benfazeja; a abstenção da retórica, da poesia, do preciosismo; o não andar de toga em casa, nem alimentar vaidades que tais; o usar de simplicidade nas minhas cartas, como ele na que me mandou de Sinoessa a minha mãe; a presteza em responder ao apelo de reconciliação dos que se irritaram comigo e me ofenderam, tão logo de si mesmos queiram voltar às boas; o ler acuradamente, não me satisfazendo com uma vista d´olhos superficial; o não assentir precipitadamente às indiscrições; o conhecer os comentários de Epicuro, que me emprestou de sua biblioteca”.

APOLÔNIO, FILÓSOFO ESTÓICO

“De Apolônio, quero a independência, a decisão sem longos debates nem recurso à sorte dos lados; o não me orientar, sequer por instantes, senão pela razão; o não me alterar nos sofrimentos agudos, na perda dum filho, nas doenças prolongadas; o ter visto com meus olhos, num exemplo vivo, que o rigor extremo se compadece com a benignidade; o não ser irritadiço nas explicações; o ter visto um homem que manifestamente reputava como o menor de seus dotes o tirocínio e facilidade em transmitir os princípios doutrinários; o ter aprendido como receber as consideradas gentilezas dos amigos, sem render-me a elas nem desdenhá-las indelicadamente.” 

 SEXTO, FILÓSOFO ESTÓICO

De Sexto, quero a benevolência; o exemplo da casa regida pela tradição; a concepção de como viver segundo a natureza; a gravidade não afetada; a solicitude atenta para com os amigos; a tolerância para com os ignorantes e para com os que opinam sem maduro exame; a boa harmonia com todos, tanto que seu convívio agradava mais que qualquer blandícia, apesar de infundir, ao mesmo tempo, o máximo respeito para com sua pessoa; o atinar arguta e metodicamente com as normas necessárias à vida e ordená-las; o jamais mostrar nem aparência de cólera ou qualquer outra emoção, mas ser ao mesmo tempo muito sereno e muito afetuoso; o elogiar sem espalhafato; a erudição vasta sem alarde.

MÁXIMO, FILÓSOFO ESTÓICO

“De Máximo, quero o domínio de si mesmo e o não titubear em matéria nenhuma; a fortaleza nas vicissitudes, notadamente nas enfermidades; a feliz fusão da doçura e da importância em seu caráter; o cumprimento de suas obrigações sem queixas; o crerem todos que ele pensava como dizia e não havia maldade em seus atos; a ausência de espantos e de medos; o jamais açodar-se ou demorar, embaraçar-se, descoroçoar, ou gargalhar e em seguida entregar-se à cólera ou suspeitas; a beneficiência, a indulgência e a lealdade; o dar antes a impressão de não entortado que de endireitado; que ninguém jamais se imaginaria menosprezado por ele, nem ousaria acreditar-se superior a ele.”


 

 

 



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