FLAVIUS VALERIUS AURELIUS CLAUDIUS nasceu no dia 27 de fevereiro de 280, na localidade de Naïsse (hoje a cidade de Niss), Sérvia. Morreu no dia 22 de maio de 337, na localidade de Ancirona (atual İzmit), Turquia. Filho de Constantino Chlore, serviu, a partir dos dezoito anos, no exército do imperador Caio Diocleciano. Depois, casou-se com a filha do imperador Marco Aurélio Maximiano, fato importante para ser proclamado “César” pelas legiões da Bretanha em 306.
Após pacificar os gauleses, foi obrigado a decretar a morte do sogro, que o tentara assassinar em 310. O desaparecimento de Galério Maximiano em 310, deixou quatro pretendentes ao trono. Ele, então, se aliou a Valério Licínio contra Marcos Aurélio Maxcêncio e seu irmão Maximiano. Atravessou os Alpes (famosa cordilheira europeia) e enfrentou Maxêncio nas portas de Roma, nas margens do Rio Tibre, em 312. Segundo a lenda, pouco antes dessa batalha, teve uma visão: uma cruz com a inscrição em grego “tout ô nika” (“triunfa por meio dessa”).
Esse sinal o teria levado a encarar a vitória como resultante de intervenção sobrenatural. Entrou em Roma, reinando parcialmente no Ocidente, enquanto Licínio governava o Oriente. Converteu-se ao cristianismo, mas não se batizou. Entretanto, estabeleceu para a igreja católica um regime de tolerância através do Edito de Milão, em 313. Em 315, iniciou suas lutas contra Licínio, apoderando-se pouco a pouco do Oriente, até se tornar o único imperador romano, em 324. Daí em diante, esforçou-se para imbuir a legislação romana do espírito cristão. Suprimiu o suplício da cruz, os combates de gladiadores e favoreceu a libertação dos escravos.
Instituindo-se como protetor da igreja e defensor da fé ortodoxa, reuniu o Conselho Ecumênico de Niceia, em 325, e perseguiu os seguidores de outras seitas. Entretanto, era incoerente em seu comportamento pessoal: fez matar o filho Flávio Crispo, injustamente acusado por sua sogra Fausta, que, logo depois, pagou com a própria vida a falsa acusação. Em 330, transferiu a capital do império para Bizâncio (hoje Istambul), que renomeou para Constantinopla. Foi uma figura controversa. O historiador bizantino Zósimo criticou severamente suas reformas militares. Mas como primeiro imperador cristão, foi reverenciado durante toda a Idade Média, que o tinha como fundador do Império Bizantino.
A Igreja Ortodoxa acabou por canonizá-lo. É também considerado o criador dos estados papais, territórios doados ao papa pela chamada Doação de Constantino. Só com o Iluminismo seu legado começou a ser pesadamente criticado. O historiador inglês Edward Gibbon, no seu livro clássico sobre a A história do Declínio e Queda do Império Romano o caracteriza como um general de velha cepa, a quem o poder absoluto havia convertido num déspota oriental. Com a secularização da sociedade moderna, a apreciação de sua figura, em função exclusivamente das suas reformas religiosas, perdeu muito em importância. Em 2016, arqueólogos israelenses divulgaram o achado de milhares de moedas com a efígie do imperador num navio romano que teria ido a pique próximo ao Porto de Cesarea no século três.