ATLÂNDIDA era uma ilha situada a oeste das Colunas do Héracles (Hércules para os romanos). Quando os deuses fizeram a partilha do mundo entre si, ela coube ao Poseidon (Netuno para os romano). O deus da águas ali viveu longo tempo em companhia da jovem Clito. Da união com a mortal, nasceram dez filhos, dos quais o mais velho era o Atlas. Este recebeu do pai a supremacia sobre a ilha, que dividiu em dez partes. Tomou uma para si e distribuiu as restantes entre os irmãos. Reinava sobre todos, exercendo a suserania a partir da montanha central.
Os reis da Atlândida exploraram as riquezas naturais da ilha — cobre, ferro e ouro —, fundaram cidades, erigiram palácios e construíram muralhas e canais. Tentaram dominar a África e a Ásia, mas foram impedidos pelos atenienses e seus aliados. Punida por seus vícios e seu orgulho, foi engolida pelas águas do mar. Os antigos confundiam-na com o Arquipélago dos Açores, sobre o qual os fenícios contavam histórias maravilhosas. A mais antiga menção conhecida sobre a ilha foi feita pelo filósofo grego Platão (428-347 a.C.) em dois dos seus “Diálogos”.
O filósofo conta que Sólon, político ateniense, no curso das suas viagens pelo Egito, questionou um sacerdote que vivia no delta do Rio Nilo. O sacerdote informou a Sólon sobre umas tradições ancestrais relacionadas com uma guerra perdida nos anais dos tempos entre os atenienses e o povo atlante. Segundo o religioso, o povo da Atlândida viveria numa ilha localizada para além dos pilares do Héracles, onde o Mar Mediterrâneo terminava e o oceano começava. Em cada um dos distritos (anéis terrestres ou cinturões) reinavam as monarquias de cada um dos descendentes dos filhos da Clito e do Poseidon. Esses reis reuniam-se uma vez por ano no centro da ilha, onde o palácio central e o templo, com os seus muros cobertos de ouro, brilhavam ao sol.
A reunião marcava o início de um festival cerimonioso em que cada um dos monarcas se dispunha à caça de um touro. Uma vez o touro caçado, bebiam do sangue e comiam da carne dele, enquanto sinceras críticas e cumprimentos eram trocados à luz do luar. Ainda de acordo Platão, a ilha teria sido destruída por um desastre natural (possivelmente um terremoto ou maremoto) há cerca de nove mil anos antes da era dele. Já para o autor Roger Paranhos, no livro “Akhenaton: A Revolução Espiritual do Antigo Egito”, a Atlântida teria sido destruída por um cometa. Talvez essa teoria possa ser corroborada pela hipótese do Cometa Clóvis, segundo a qual uma explosão aérea ou um impacto de um ou mais objetos do espaço sobre a Terra, ocorrido entre 12.900 e 10.900 anos atrás, desencadeou um período glacial conhecido por Dryas Recente.
Esse impacto pode ter atingido a ilha perdida e a submergido. Crê-se, ainda, que os atlantes teriam sido vítimas das ambições de conquistar o mundo, acabando por serem dizimados pelos atenienses. Outra tradição completamente diferente chegou através do historiador Diodoro da Sicília. Segundo ele, os atlantes seriam vizinhos dos líbios e teriam sido atacados e destruídos pelas amazonas. Outra lenda diz que o povo que habitava a Atlântida era muito mais evoluído do que os outros povos da época e, ao prever a destruição iminente, teria emigrado para a África, sendo os antigos egípcios os seus descendentes. Na cultura popular do Século XX muitas histórias em quadrinhos, filmes e desenhos animados retratam Atlântida como uma cidade submersa, povoada por sereias e outros tipos de humanos subaquáticos. O último filme sobre o assunto é o “Aquaman”, com o havaiano Jason Momoa como o príncipe Arthur e a Nicole Kidman como a rainha Atlanna.