Hécuba
HÉCUBA era filha do Dimas, rei da Frígia, com a Glaucipe. Outra lenda a coloca como filha do Cisseu, rei da Trácia, com a Telecria. Esposou o Príamo, rei da cidade de Troia. Ficou célebre pela fecundidade. Variando as tradições quanto ao número de filhos que teve, mencionam-se dezenove, catorze ou mesmo cinquenta. Foi aconselhada pelo Ésaco a matar o filho Páris Alexandre. Recusando-se a seguir o conselho, tornou-se de certa maneira culpada pela guerra e pela ruína de Troia. Quando a cidade foi tomada pelos gregos, viu morrer quase todos os filhos.
Hécuba se tornou escrava com o fim da guerra. Foi dada ao Ulisses. No momento de embarcar no navio do herói viu na água o cadáver do filho Polidoro. Desesperada com mais esse sofrimento, arrancou os olhos do assassino, o grego Polimestor. Para puni-la, os gregos lapidaram-na. Embaixo das pedras, entretanto, em vez do cadáver dela, encontraram uma cadela de olhos de fogo. Segundo outra versão, a rainha transformou-se em cadela pelos companheiros do Polimestor. Conta-se ainda que a metamorfose ocorreu quando a rainha era conduzida para a Grécia. Os poetas trágicos mencionam-na como símbolo da majestade e da desgraça.
Referências
ÉSACO — Era filho do Príamo, rei de Troia, com a Arisbe. Recebeu do avô Mérope o dom de interpretar sonhos. Grávida do Páris Alexandre, a madrasta Hécuba sonhou ter dado à luz um archote inflamado que incendiava a cidade. Assim, o Ésaco, interpretando o sonho, declarou que o filho que estava para nascer constituiria a ruína de Troia. Aconselhou a Hécuba a matar o filho assim que ele nascesse. Mais tarde, ao deixar Troia, a mulher dele foi picada por uma serpente e morreu. Desesperado, lançou-se ao mar. A deusa Tétis, apiedada, transformou-o em mergulhão.
PÁRIS ALEXANDRE era filho do Príamo, rei de Troia, com a Hécuba. Na idade adulta foi encarregado pelo deus supremo Zeus de escolher a mais bela entre as deusas Afrodite, Atená e Hera. Ao escolher a Afrodite recebeu como recompensa o amor da rainha Helena da cidade de Esparta, considerada a mais bela das mulheres mortais. Ao levar a Helena para Troia precipitou a reunião de todas as cidades gregas numa guerra que durou dez anos. No final do conflito, ajudado pela deusa Atená, matou o guerreiro Aquiles ao feri-lo na única parte do corpo que era mortal: o calcanhar.