BÓREAS é representado por um velho alado, barbudo, de grande força física e coberto por uma túnica curta. Excepcionalmente, figuram-no com duas fisionomias opostas, significando o duplo vento que sopra da Europa: o Bóreas e o Antibóreas. De acordo com a melhor tradição, habitava uma caverna no Monte Hemo, na Trácia. Filho do Astreu e da Aurora e irmão do Zéfiro e do Noto, estava entre os seres personificantes das forças elementares da natureza.
Em meio a uma nuvem de pó, raptou a Orítia, filha do Erictônio, rei dos atenienses. Dessa união, nasceram o Zetes, o Cálais, a Cleópatra e a Quíone. Metamorfoseando-se em cavalo, uniu-se às éguas do Erictônio e deu nascimento a doze potros. Esses potros eram dotados de tanta rapidez que passavam sobre as espigas de trigo, sem dobrá-las, e sobre as ondas do mar, sem afundar os cascos. Célebre em Atenas, o Bóreas defendeu a cidade nos tempos das Guerras Médicas, destruindo, com uma tempestade, os navios inimigos. Em sua homenagem, na Região da Ática, eram realizadas anualmente as festas boreasmas.
Boréadas
É como são chamados os descendentes do Bóreas. O termo se refere mais especialmente ao Cálais e ao Zetes. Esses jovens possuíam asas nos calcanhares ou, segundo alguns autores, nos flancos, como os pássaros. Os dois gêmeos nasceram na Trácia, região situada no sudeste da Europa. Cálais era aquele vento que soprava docemente e Zetes aquele que soprava forte. A principal característica dos dois era a rapidez. Acompanharam o herói Jasão na expedição dos Argonautas. No curso da viagem, libertaram o Fineu, cunhado deles, dos ataques das Hárpias. Segundo outra versão, puniram o Fineu por este ter cegado os filhos que tivera com a irmã deles, a Cleópatra. Não obstante o seu poder, foram mortos a flechadas pelo Herácles (Hércules para os romanos). O herói não os perdoou por terem aconselhado os Argonautas a abandoná-lo na Mísia, região da atual Turquia.