CALCANTE era adivinho da cidade de Micenas ou de Mégara. Filho do Testor e descendente do Apolo, deus do sol, que lhe concedeu o dom da profecia. Conhecia o passado e o presente e interpretava o futuro pelo voo dos pássaros. Foi escolhido pelos gregos como o seu adivinho oficial na Guerra de Troia. Como tal, predisse o tempo que a expedição grega duraria; aconselhou o sacrifício da Ifigênia para aplacar a cólera da deusa Artémis (Diana para os romanos).
Ainda revelou que a cidade de Troia não poderia ser tomada sem a participação do Aquiles e do Filoctetes; contou ao Ulisses onde estava o Aquiles; recomendou ao Agamenon que devolvesse a Criseide ao pai. Segundo outra versão, ainda teria sugerido a construção do famoso cavalo de madeira, estratagema usado pelo Ulisses para vencer a guerra. Após a tomada de Troia, foi para Cólofon, nas costas da Jônia, onde encontrou o Mopso, adivinho que o superava em sua arte.
Como um oráculo predissera que morreria quando encontrasse um adivinho mais hábil, faleceu de pesar. Noutra versão sobre sua morte, a lenda conta que quando o rei da Lícia preparava uma expedição de guerra, Mopso o aconselhou a não levá-la adiante porque seria vencido. Ele, entretanto, assegurou ao rei a vitória. Com a derrota, o adversário obteve mais prestígio, levando-o, desesperado, ao suicídio. Noutra vertente, conta-se que teria plantado uma vinha num bosque sagrado do Apolo, na Mísia. Quando um adivinho predisse que ele não beberia vinho daquela videira, fez zombaria. Os tempos passaram, as uvas amadureceram, o vinho foi preparado e amigos foram convidados para beber. No momento em que ele levava a taça, o adivinho rival repetiu a profecia. Riu tanto, que acabou morrendo sufocado.