Mársias
MÁRSIAS era um sátiro natural da Frígia. Era filho do Hiágne, o inventor da harmonia na música e compositor de hinos em honra a vários deuses. Alguns atribuem ao sátiro a invenção da flauta. Outros reservam esse mérito à deusa da sabedoria Atena. Conforme a segunda versão, irritada ao notar que ficava com o rosto deformado ao soprar o instrumento, a deusa jogou a flauta fora e amaldiçoou por antecipação quem a recolhesse. Por má sorte, o Mársias encontrou a flauta. Encantado com o som dela, resolveu desafiar o deus da luz Apolo para uma disputa musical. O deus, como todos sabiam, era um exímio tocador de lira. Assim, aceitou o desafio.
As Musas e o rei Midas foram escolhidos para funcionarem como árbitros. Após uma disputa acirrada, as Musas se pronunciaram a favor do Apolo, enquanto o rei votou no Mársias. O Apolo, não aceitando o veredito do rei, castigou-o. Além disso, suspendeu o sátiro num pinheiro e o esfolou vivo. Segundo a lenda, o Apolo, mais tarde, se arrependeu do que fizera. Assim, quebrou a sua lira, transformou o Mársias num rio e consagrou a flauta ao deus do vinho Dioniso. A história do Mársias é frequentemente interpretada como um símbolo da superioridade da cultura grega (representada pela lira do Apolo) sobre outras culturas (representadas pela flauta do sátiro). O mito também destaca o tema da arrogância, frequentemente punida pelos deuses.
Referência
SÁTIROS simbolizavam as forças incontroláveis da natureza vegetal e animal na Mitologia Grega. Primitivamente, eram representados com a parte inferior do corpo em forma de cavalo ou de bode. Caracterizavam-se por serem seres bestiais, preguiçosos, covardes e especialmente sensuais. Eles aterrorizavam os pastores e os viajantes. Mais tarde, passaram a ser descritos como seres jovens e doces, travessos e maliciosos, interessados em música e dança. Da forma animal, conservaram apenas as orelhas pontiagudas, os pequenos chifres e os pés de cabra. Faziam parte do cortejo do deus do vinho Dioniso.