HADES era uma das doze divindades do Monte Olimpo. Filho do deus Cronos com a Cibele — a grande mãe —, participou da luta contra o pai e os Titãs. Nessa ocasião, os Ciclopes o armaram com um capacete mágico que o tornava invisível. Vencidos os adversários, partilhou com os irmãos Zeus e Poseidon o império do universo. Enquanto o Zeus ficou com o céu e a terra e o Poseidon recebeu o reino das águas, ele tornou-se o senhor das profundezas subterrâneas, os infernos.
Reinava assim sobre os mortos. Era assistido nas funções por múltiplas divindades. Presidia o tribunal composto pelo Minos, o Éaco e o Radamanto para julgar as almas. Estas, se condenadas, eram atiradas no Tártaro. Se absolvidas, eram encaminhadas aos Campos Elíseos ou à Ilha dos Bem-Aventurados. O deus dos infernos habitava um palácio circundado por um bosque de álamos e salgueiros estéreis. O solo era recoberto de asfódelo, planta das ruínas e dos cemitérios. Raramente o Hades interferia nos assuntos terrestres ou olímpicos. Só deixou o seu reino duas vezes.
Uma para raptar a Perséfone, a quem tomou como esposa, e a outra para curar-se no Monte Olimpo de uma ferida provocada pelo Héracles (Hércules). O Hades era invocado para fazer cumprir as vinganças e tornar eficazes as maldições. Entretanto, embora o papel dele se ligasse à morte e à destruição, apresentava uma faceta benéfica ao propiciar o desenvolvimento das sementes para favorecer a produtividade nos campos. Como divindade agrícola, o culto a ele associava-se ao da Ceres. Juntamente com essa deusa, era celebrado nos Mistérios de Elêusis, ritos comemorativos da fertilidade, das colheitas e das estações.
Era venerado sob vários epítetos, os quais procuravam destacar seus aspectos mais favoráveis aos mortais: Eubuleu, aquele que dá bons conselhos; Polidectes, aquele que acolhe muitos hóspedes; Agesilau, aquele que reúne os povos; Trofônio, aquele que torna a terra mais fértil. Para pedirem a proteção do Hades, os devotos batiam no solo com as mãos ou com varas. Ofereciam a ele em sacrifício carneiros ou cabras negras. Consagravam-lhe o narciso e o cipreste. O deus é retratado com o cenho franzido, cabelos e barba em desalinho. Vestia túnica e manto vermelhos. Está sentado num trono, tendo ao lado o cão Cérbero. Como deus da vegetação, é representado com traços mais suaves, levando uma cornucópia nas mães. Entre os romanos, o nome do Hades é Plutão.